A Floresta Amazônica é um dos ecossistemas mais ricos e misteriosos do planeta, um verdadeiro berço de biodiversidade que abriga uma infinidade de espécies únicas e, em alguns casos, bastante peculiares. Essas criaturas estranhas da Amazônia desenvolveram características e hábitos fora do comum para sobreviver em um ambiente tão competitivo. Desde animais com habilidades elétricas até mestres da camuflagem, a Amazônia nunca deixa de nos surpreender com a criatividade da natureza.
O que torna essas criaturas estranhas?
A seguir, vamos mergulhar no mundo de cinco desses animais, descobrindo suas origens, hábitos e as curiosidades que os tornam tão fascinantes. Afinal, cada um deles representa um exemplo incrível de adaptação e evolução, mostrando a beleza e a estranheza que coexistem na maior floresta tropical do mundo.

Imagem: IA Google
Lagarto-jesus: o que corre sobre a água
O lagarto-jesus (Basiliscus basiliscus) é um réptil conhecido por sua habilidade de correr sobre a água para escapar de predadores. Nativo da América Central e do Norte da América do Sul, incluindo a Bacia Amazônica, ele vive em florestas tropicais perto de rios e lagos. Seus pés grandes e a velocidade que atinge ao se locomover sobre a água permitem essa façanha.
A característica mais marcante desse animal são os seus pés traseiros, que possuem membranas na sola que se abrem quando ele está em movimento. Ao atingir uma alta velocidade — de cerca de 1,5 a 2 metros por segundo — ele consegue correr sobre a superfície da água por curtas distâncias, criando uma bolsa de ar sob seus pés. Essa capacidade é vital para fugir de predadores como cobras e aves. O seu status de conservação é Pouco Preocupante (LC), o que significa que sua população é estável.

Poraquê: o peixe que gera eletricidade
O poraquê (Electrophorus electricus), ou enguia-elétrica, é um peixe de aparência bizarra, mais parecida com uma cobra. Ele é encontrado principalmente na Bacia Amazônica e no Rio Orinoco. A sua principal característica é a capacidade de gerar fortes descargas elétricas para se defender e caçar. Essa descarga pode chegar a impressionantes 860 volts, o que é suficiente para atordoar presas e predadores. Embora não tenham escamas, possuem três pares de órgãos elétricos que produzem o choque. Ele não está em risco de extinção, com seu status de conservação também classificado como Pouco Preocupante (LC).

Jequitiranaboia: o inseto inofensivo
Apesar do nome assustador, a jequitiranaboia (Fulgora laternaria) é um inseto totalmente inofensivo. Sua distribuição abrange a floresta tropical da América Central e América do Sul. A sua bizarrice está na camuflagem: a cabeça tem o formato de um réptil, enquanto as asas têm manchas que lembram olhos de coruja, tudo para espantar predadores. Ele se alimenta da seiva de árvores e não representa perigo para humanos. Uma curiosidade é que, quando ameaçado, ele pode abrir suas asas traseiras para exibir manchas que imitam grandes olhos, uma tática de susto. Por não ser uma espécie ameaçada, seu status na natureza é de Pouco Preocupante (LC).
Matá-matá: a tartaruga mestre da camuflagem
A matá-matá (Chelus fimbriata) é uma tartaruga de água doce com uma aparência que a torna uma mestra da camuflagem. Encontrada nas bacias dos rios Amazonas e Orinoco, a sua cabeça e pescoço são cobertos por protuberâncias que se parecem com galhos e folhas em decomposição. Com um casco que parece uma casca de árvore, ela se esconde no fundo de rios lamacentos. Usa uma técnica de sucção para capturar peixes e invertebrados. Seu pescoço pode se estender rapidamente, e ela abre a boca de forma que cria um vácuo, sugando a presa para dentro. O seu status de conservação é Pouco Preocupante (LC).

Urutau: a ave que se finge de galho
O urutau (Nyctibius griseus) é uma ave com habilidades de camuflagem impressionantes. Ele é encontrado em toda a América Central e América do Sul, incluindo a Amazônia. Durante o dia, ele se faz passar por um galho quebrado, permanecendo imóvel para evitar predadores. Seus olhos grandes e a boca enorme são adaptados para caçar insetos à noite. O seu canto peculiar, melancólico e grave, é o que lhe rendeu o nome popular de “mãe-da-lua”. Uma característica notável é a capacidade do urutau de usar suas pálpebras com pequenos cortes para poder enxergar, mesmo quando seus olhos estão quase fechados, mantendo-se camuflado. O seu status de conservação é Pouco Preocupante (LC).
Por que proteger essas criaturas estranhas
Essas criaturas estranhas da Amazônia são a prova da incrível diversidade da floresta tropical e da capacidade da natureza de criar soluções únicas para a sobrevivência. Do lagarto que desafia a física ao inseto que se finge de cobra, cada um desses animais desempenha um papel vital em seu ecossistema. Conhecê-los nos faz valorizar ainda mais a Amazônia e a importância de proteger um bioma tão rico em mistérios e maravilhas.
Por MB.
Leia mais: Transporte e biodiversidade: estudo revela o impacto de rodovias no Cerrado
Leia mais: Tardígrado no espaço: a criatura que sobreviveu ao vácuo e à radiação