Há minhocas (Lumbricina) em seu jardim? Então, não se assuste e lhes dê boas-vindas, pois esses bichinhos são um indicativo de que o solo está saudável.

As minhocas são animais típicos da terra. São anelídeos, da subclasse Oligochaeta, de corpo cilíndrico e de consistência molenga. Elas se espalham pelos solos úmidos de todo o mundo e, por suas atividades subterrâneas (à medida que se movem, escavam galerias e canais, ajudando a arejar, drenar e nutrir o solo, além de alimentarem-se de detritos vegetais), oferecem muitos benefícios, principalmente na agricultura.

Isso porque as minhocas são recicladoras. Esses animais desempenham um papel crucial na decomposição da matéria orgânica e na fertilização do solo. E sabe como? Simplesmente comendo e fazendo cocô (cerca de 1,5 vezes seu peso corporal por dia!). O que sai do outro lado – conhecido como húmus – é cheio de nutrientes e bactérias que são benéficas para as plantas.

Além de produzir o poderoso adubo, os anelídeos também podem ser utilizados para a alimentação animal e como isca para a pesca.

Mais de oito mil espécies

Acredita-se que no mundo existam mais de oito mil espécies diferentes de minhocas. No Brasil, são conhecidas entre 240 e 260 espécies, sendo as mais utilizadas para a produção de húmus as espécies vermelha-da-califórnia (Eisenia foetida) e noturna-africana (Eudrilus eugeniae). 

O processo de reciclagem de resíduos orgânicos (restos de alimentos, folhas, esterco e etc.) por meio da criação de minhocas com o intuito de produzir o húmus chama-se minhocultura. A técnica, de acordo com a Emprapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) pode ser perfeitamente adaptada à pequena propriedade agrícola, pois possui um manejo simples.

Ainda segundo a Embrapa, a minhocultura é capaz de produzir grande quantidade de biomassa de minhocas, que também pode ser utilizada na complementação da alimentação animal, na pesca esportiva, na venda de matrizes para produtores ou até mesmo na alimentação humana, devido ao elevado teor de proteínas.

Técnicas de criação para pequenas propriedades

Existem vários tipos de minhocários, dos mais simples até os mais caros. Para agricultores familiares, que não pretendem vender comercialmente o húmus produzido, mas apenas utilizá-lo na propriedade, o mais indicado é fazer um minhocário de baixo custo e pouca manutenção.

Os criatórios podem consistir em caixas de madeira ou tonéis de 200 litros, cortados longitudinalmente, com furos na parte inferior; canteiros de blocos, tijolos, madeira ou bambu, com piso cimentado ou de terra batida; ou disposição em montes, com o piso em terra batida ou cimentado. Já a quantidade necessária de minhocas para iniciar a criação é de 1 litro – aproximadamente 1,5 mil minhocas por metro quadrado.

Os interessados em aprender um pouco mais sobre a minhocultura podem baixar gratuitamente o guia disponibilizado pela Embrapa: Clique aqui.

Minhoca – Classificação científica:

Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Annelida
Classe: Oligoqueta
Ordem: Haplotaxida
Subordem: Lumbricina

Nome científico: (Lumbricina).

Características: O corpo da minhoca é cilíndrico, possui simetria bilateral e é recoberto por uma fina cutícula pigmentada. É formado por anéis (segmentos corporais), o que faz com que sejam cilíndricos e alongados, com a boca e o ânus em extremidades opostas. Há ainda um anel mais claro, o clitelo, mais próximo à extremidade anterior. A maior espécie registrada é a Amynthas mekongianus, com mais de 500 segmentos.

Alimentação: Restos vegetais, entre outros detritos.

Reprodução: As minhocas são hermafroditas – cada indivíduo tem testículos e ovários ao mesmo tempo. Porém, o animal não se reproduz sozinho, dependendo sempre da união com outro para a troca de espermatozoides, o que é chamado de fecundação cruzada. Na cópula, as duas minhocas unem seus corpos em direções opostas, de maneira que os gonóporos masculinos encontrem com as aberturas das espermatecas da outra.

Curiosidade: As minhocas não possuem olhos nem ouvidos e por isso seu sentido de direção não é muito bom. Sua movimentação é influenciada por células sensíveis à luz existentes em sua pele. Em geral, evitam a luz direta do sol, preferindo os ambientes sombreados e mais úmidos. Contudo, as minhocas não toleram ambientes encharcados, pois sua respiração é feita pela pele. Em lugares onde há acúmulo excessivo de água, a tendência é de haver pouco oxigênio. Nestes casos, é comum vermos as minhocas saindo do solo para procurar locais mais secos.

MB com informações da Embrapa