Search

Anuncie

(21) 98462-3212

Entenda por que os cães e os gatos correm em disparada do nada

Segundo o veterinário especialista em comportamento animal, os bichos estão apenas se divertindo quando correm em disparada do nada. Foto: Pixabay

Em um momento, o filhote está comendo ração pacificamente e, no outro, está correndo pela casa como se houvesse um fogo queimando sob seu rabo. Esses episódios de comportamento desenfreado duram vários minutos, mas podem parecer muito mais longos quando um cachorro sai em disparada dentro de uma casa cheia de humanos, móveis e objetos frágeis – tipo aquele vaso de porcelana que atravessou gerações na família.

Então, por que cães, gatos e outros animais de estimação correm sem motivo aparente?

“Eles estão apenas se divertindo”, esclarece o veterinário especialista em comportamento animal José Arce, presidente da American Veterinary Medical Association. Essas explosões de energia, tecnicamente chamadas de períodos de atividade aleatória frenética (em inglês, identificado pela sigla FRAPs), são naturais e vistas em muitas espécies de animais selvagens e domesticados.

Os FRAPs podem parecer aleatórios, mas alguns gatilhos são comuns para cães. Quando o tutor deixa um cachorro sair do canil ou de um cercado, o filhote pode dar uma rajada de velocidade para liberar a energia que acumulou ao longo do dia. Da mesma forma, um tutor voltando para casa depois do trabalho pode fazer com que um cachorro corra em um breve período de exercícios após uma soneca de horas de duração. Outro momento frequente para os FRAPs é após o banho, possivelmente para liberar a energia nervosa ou excitação do banho.

Os bichanos também demonstram Períodos Frenéticos de Atividade Aleatória.
Foto: Reprodução

Os gatos têm gatilhos diferentes. Enquanto os filhotes ficam sonolentos ao longo do dia, os felinos são mais propensos a pegá-los ao anoitecer e ao amanhecer, porque é quando eles estão mais ativos. Eles também tendem a sentir FRAPs após a preparação e uso da bandeja sanitária.

O especialista em comportamento animal conta que, geralmente, alimenta seus próprios gatos com comida seca, mas quando ele abre uma lata ocasional de comida úmida, eles correm pela casa em disparado: “Eles ficam muito felizes e animados, e correm para cima e para baixo no corredor e pulam no sofá.”

Quando os gatos fazem essa atividade aleatória, eles tendem a correr menos tempo do que os cães. “Raças de cães mais atléticos e ativos, como os pastores australianos, podem fazê-lo com mais frequência, provavelmente porque precisam liberar sua energia com maior regularidade”, disse Arce.

Animais selvagens como os elefantes também realizam FRAPs. Nos coelhos, o comportamento é chamado “binkies” e é considerado uma expressão de entusiasmo, de acordo com um estudo de 2020 publicado no “Journal of the American Association for Laboratory Animal Science”. Quando um coelho faz binkie ele aparece correndo, girando a cabeça ou o corpo, saltando ou pulando no ar.

Embora os FRAPs sejam um comportamento normal, alguns tutores de animais interpretam mal a energia frenética e se preocupam se seu cão está estressado ou doente. “Eles podem interpretar erroneamente esses disparos em velocidade como comportamentos obsessivo-compulsivos. Cães com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) podem perseguir o rabo, seguir sombras, pular no ar como se estivessem tentando pegar uma mosca e esfregar o chão com a língua. Mas correr pela casa não é um sinal de TOC em cães.

Se você não tiver certeza se seu animal de estimação está manifestando Períodos Frenéticos de Atividade Aleatória ou sintomas de TOC, Arce recomenda gravar um vídeo do comportamento do pet e mostrá-lo ao veterinário.

“Não se trata de um comportamento perigoso. Se você estiver dentro de casa e preocupado, remova todos os objetos frágeis do caminho do cão. Se isso acontecer durante uma caminhada, mantenha o controle da coleira para que o cão não saia correndo. Se você levar seu cachorro para algum lugar que possa ser perigoso para ele correr de maneira desenfreada como passear próximo de um penhasco, considere deixar o animal extrair o excesso de energia com antecedência”, orienta o especialista em comportamento animal.