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A esporotricose é uma micose que se tornou comum no Brasil e que frequentemente gera muita preocupação e, o que é pior, desinformação. Infelizmente, por ser transmitida através de arranhões ou mordidas de felinos contaminados, o gato acabou sendo rotulado como o grande vilão da história. É fundamental esclarecer que os gatos são vítimas da doença, assim como os humanos, e não os responsáveis por sua existência.
O verdadeiro foco do combate à esporotricose deve ser o fungo causador, o Sporothrix schenckii ou o Sporothrix brasiliensis, que vive no ambiente, como em solo, vegetação e materiais em decomposição. Ao invés de afastar, é preciso cuidar, tratar e proteger tanto os nossos pets quanto a nossa família, pois o gato ser visto como vilão é uma narrativa incorreta.
É crucial desvendar alguns mitos que circulam por aí, pois a falta de conhecimento leva ao abandono de animais e a atitudes desnecessárias. Por exemplo, a crença de que gestantes precisam se desfazer dos seus gatos devido ao risco de contaminação é totalmente infundada. Com medidas de higiene básicas e cuidados veterinários, a convivência é segura. Na realidade, a esporotricose tem tratamento, e quando diagnosticada precocemente, as chances de recuperação completa são altíssimas, tanto para o animal quanto para o humano. O conhecimento é, portanto, a nossa melhor ferramenta de prevenção.
O que é a esporotricose?
A esporotricose é uma micose causada pelo fungo do gênero Sporothrix. Ela afeta humanos e outros mamíferos, sendo mais comum em gatos. É vital entender que o fungo está presente no ambiente, principalmente em solo, palha, espinhos e madeira.
A rota de contaminação
O gato se torna um transmissor da esporotricose quando o fungo se aloja em suas unhas ou lesões, transmitindo-o ao arranhar ou morder. Contudo, a contaminação não ocorre apenas por contato direto com o gato doente. Na verdade, a pessoa pode contrair a esporotricose ao manusear terra ou vegetação contaminada. Se um gato sadio entra em contato com o fungo no ambiente, ele pode ser infectado e, só então, transmitir a doença. Portanto, a origem da infecção é sempre ambiental, e o gato como vilão da esporotricose é um mito.
Mitos sobre a doença
Circulam muitas informações erradas sobre a esporotricose, o que gera pânico e abandono. É importante ter clareza sobre esses mitos:
Grávida e o gato
Mito: Grávida precisa se desfazer do gato.
Verdade: Absolutamente não. A infecção, embora possível, é rara em humanos saudáveis e pode ser prevenida. Mantenha o animal em casa, não permita que ele brigue com outros gatos e leve-o ao veterinário regularmente. A higiene é suficiente para proteger a gestante e o bebê.
Doença sem cura
Mito: A esporotricose não tem cura para o pet.
Verdade: Com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, as chances de cura do animal são muito altas. A persistência no tratamento, conforme a orientação veterinária, é a chave para a recuperação total.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da esporotricose em humanos é feito por um médico, geralmente por meio de exames laboratoriais. Nos animais, o veterinário fará o diagnóstico clínico, buscando lesões na pele, feridas que não cicatrizam ou nódulos, e confirmará com exames.
Tratamento em humanos
O tratamento da esporotricose em humanos é realizado principalmente com antifúngicos orais, como o Iodeto de Potássio ou o Itraconazol. A duração do tratamento é prolongada, podendo levar de três a seis meses. É fundamental seguir a prescrição médica rigorosamente, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, para garantir a eliminação completa do fungo.
Tratamento em gatos
O tratamento em gatos também é baseado no uso de antifúngicos, sendo o Itraconazol o medicamento mais comum e eficaz. O tratamento dura, em média, de 3 a 6 meses, mas deve ser mantido por, no mínimo, 30 a 45 dias após o desaparecimento total das lesões. Além disso, é essencial isolar o animal durante o tratamento e manipular as feridas com luvas para evitar a recontaminação ou transmissão, mantendo assim o controle da esporotricose.
Por MB.
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