Endêmica da Mata Atlântica, a libélula (Leptagrion acutum) é um inseto neotropical muito raro da família dos cenagrionídeos (Coenagrionidae). As principais ameaças à espécie são a fragmentação e a redução do habitat natural, a degradação ambiental, os incêndios e a coleta de bromélias em seu ambiente natural – planta muito importante para sua sobrevivência e reprodução.
“Sabe-se que o gênero Leptagrion interage com bromélias, utilizando-se da água que se acumula entre as folhas dessa planta para que ali se desenvolvam suas larvas. Também conhecidas como ninfas, atuam predando outros invertebrados naquele meio”, destaca o biólogo Sávio Freire Bruno no livro “100 Animais Ameaçados de Extinção no Brasil E o Que Você Pode Fazer Para Evitar” (Ed. Ediouro).
Acreditava-se que a espécie havia se extinguido, pois seus últimos registros datavam de 1965, no município de Conceição da Barra, no norte do Espírito Santo. No entanto, mais recentemente, essa libélula foi redescoberta por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (MG) no mesmo município, na Reserva Biológica Córrego Grande.
De hábito diurno, a Leptagrion acutum mede de 5,1 cm a 5,5 cm e é conhecida por outros nomes bem pitorescos: cavalo-de-judeu, lavadeira, lava-bunda, molha-horta, jacinta e papa-fumo. Em inglês é chamada Damselfly.
Estima-se que a espécie, que alimenta-se principalmente de mosquitos, viva de oito meses a um ano e dois meses.
Quando adultas, as libélulas apresentam dois olhos compostos bem desenvolvidos, um tórax pequeno e um abdômen fino e comprido. Dois pares de asas transparentes compõem sua estrutura corporal.
Indicadoras de qualidade ambiental
As libélulas atuam como importantes controladores e indicadores de qualidade ambiental, pois são muito sensíveis às mudanças e perturbações no ecossistema. Como costuma viver em áreas preservadas e sem poluição, a presença deste inseto pode indicar que aquele local está em equilíbrio ecológico.
São, também, predadoras vorazes de mosquitos e moscas, prestando um importante serviço de controle desses insetos. Pesquisadores, inclusive, estudam libélulas que tenham potencial para impedir a proliferação de doenças, como a dengue transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Muitas espécies já se mostram eficientes, tanto para predar o mosquito jovem (na água estagnada) quanto o adulto.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Superclasse: Hexapoda
Classe: Insecta
Ordem: Zygoptera
Subordem: Anisoptera
Família: Coenagrionidae
Subfamília: Pseudostigmatinae
Gênero: Leptagrion
Espécie: L. acutum
Nome científico: Leptagrion acutum
(Santos, 1961)
Por MB