“Quando olhei a terra ardendo / Igual fogueira de São João / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação / Eu perguntei a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação”
(…)
Inté mesmo a asa-branca / Bateu asas do sertão /Entonce eu disse, adeus Rosinha /Guarda contigo meu coração
(Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira,1947)
Que nordestino não fica feliz ao se deparar com a pomba asa-branca (Patagioenas picazuro) em pleno sertão, após um período de estiagem severa? Essa ave columbídea, endêmica da América do Sul, e que no Brasil ocorre do Nordeste ao Sul, foi eternizada na clássica canção de Luiz Gonzaga (1912-1989), o Rei do Baião, e de Humberto Teixeira (1915-1979).
Migratória, a presença dessa ave indica chuva, daí ter se tornado um símbolo de esperança para o povo do Nordeste. Seu nome popular é asa-branca, como é mais conhecida no Nordeste, devido a uma faixa branca, na parte superior das asas, que a espécie exibe quando em voo. Em outras regiões recebe outros nomes como: pombão, pombo ou pomba do ar, pomba-trocal, pomba-trocaz, pomba-saleira, pomba-carijó, pomba-pedrês, jacaçu ou pomba-verdadeira.
Ficha técnica e curiosidades:
Nome científico: Patagioenas picazuro
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Ordem: Columbiformes
Família: Columbidae
Género: Patagioenas
Espécie: P. picazuro
Origem e distribuição: É endêmica da América do Sul, ocorrendo no Brasil do Nordeste ao Sul, no Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina. A asa-branca vive em campos, cerrados, bordas de florestas e também em centros urbanos – devido à grande devastação do habitat natural dessas aves.
Características: A cabeça e partes de baixo são na cor marrom vinho, barriga pálida. Penas da nuca branco-prateado com pontas pretas. Manto superior roxo metálico, pontas escuras. Costas na maior parte cinza escuro. Asas marrom apagado, cobertura das asas cinza com pontas pálidas. Cauda preta. Pele orbital vermelha. A fêmea tem cor mais pálida. O macho, que emite um som mais grave, pode medir até 34 cm e a fêmea, até 30 cm – o que faz dessa ave o maior columbídeo do Brasil.
Vocalização: Canto baixo, profundo e rouco, de três a quatro sílabas: “gu-gu-gúu”, “gú-gu-gúu”, sendo que o macho emite quatro repetições e a fêmea três.
Alimentação: Grãos, sementes e e pequenos frutos coletados no solo ou em plantações.
Reprodução: É uma ave monogâmica e ambos os pais irão se dedicar com o cuidado dos filhotes. A asa-branca monta seus ninhos, com 5 cm a 10 cm de diâmetro, nas laterais ou na copa da das árvores. Eles são demarcados pelos machos em voos altos. A fêmea põe de um a dois ovos que são chocados por 19 a 20 dias pelo casal.
Situação de preservação: Pouco preocupante – segundo a Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção 2018 do ICMBio.
Curiosidades: Apesar de a asa não ser toda branca como sugere o seu nome popular, o pombão – como a espécie também é conhecida – possui uma faixa branca lateral que fica mais visível quando está em pleno voo.
Essa ave tem como hábito ficar pousada no alto das árvores, mas também costuma ser vista forrageando o solo, em busca dos alimentos.
São aves sociáveis e se adaptam facilmente ao convívio humano.
Seu nome científico significa “pombo barulhento e de sabor amargo”. De acordo com os indígenas, sua carne tinha sabor amargo, devido à uma dieta de frutos azedos.