Vamos direto ao ponto e desfazer um mito: se uma mulher está grávida, ela não precisa se desfazer do seu gato de estimação. O importante é tomar alguns cuidados para se manter a salvo da toxoplasmose.
“O gato acaba sendo visto como vilão e há quem se desfaça do animal, o que é errado”, frisa o veterinário André Mello, da clínica Estética Canina Vet Center e responsável pela seção Fale com o Vet no portal Meus Bichos.
A toxoplasmose é uma afecção parasitária causada pelo protozoário toxoplasma gondii, facilmente encontrado na natureza e que pode contaminar todas as espécies de animais, permanecendo sob a forma latente (infecção toxoplásmica) ou evoluindo (doença toxoplásmica). Se contraída durante a gestação e transmitida ao feto, pode causar aborto ou até má-formação fetal.
A toxoplasmose não é contagiosa. Na maioria dos casos, é adquirida por via oral, ou seja, pela ingestão de carne contaminada mal cozida ou crua de hospedeiros intermediários que contêm cistos do parasita. Ou pelo consumo de água, frutas e verduras cruas que contenham oocistos do toxoplasma gondii.
Injustiça: os gatos não são vilões
Quanto aos gatos domésticos serem injustamente taxados de vilões, como sendo os grandes transmissores da doença e, por isso, mulheres grávidas devem se desfazer de seus pets, trata-se de um mito. Na verdade, pegar toxoplasmose de um felino doméstico, que não sai à rua e é bem alimentado com ração, é muito improvável. Primeiro porque, para se infectar, o animal teria que comer carne crua (pássaros ou pequenos roedores, por exemplo) que, por sua vez, contenham cistos do toxoplasma gondii . Mesmo neste caso, no entanto, o gato portador expele os cistos do protozoário apenas uma ou duas vezes ao longo de toda a sua vida e exclusivamente através das fezes.
Para que os cistos se ativem, tornando-se realmente perigosos, também é necessário que permaneçam expostos ao ar por pelo menos 24 horas, e depois acabem em contato direto com a boca ou com as mucosas da gestante.
Isso significa que, para uma gestante contrair toxoplasmose do gato doméstico, é necessário não apenas que o animal seja portador, mas que também seja no período de emissão dos cistos, que suas fezes estejam depositadas há pelo menos 24 horas, que a gestante as toque e depois leve as mãos sujas à boca ou em contato com os olhos. Vamos então reforçar que regras de higiene básicas são suficientes para reduzir o risco de contágio a quase zero. Isso inclui: limpar a caixa de areia pelo menos uma vez por dia, preferencialmente usando luvas e máscara descartáveis, e lavar bem as mãos quando a tarefa estiver concluída.
No caso das mulheres grávidas, principalmente, as regras de higiene devem ser redobradas. Mas, o ideal é que, neste período, os cuidados com os animais de estimação da casa sejam confiados a outra pessoa.
“A gestante deve evitar contato não só com gato, mas com qualquer outro pet da casa. Mas não só para evitar o risco da toxoplasmose, como também de outros parasitas e verminoses”, comenta o veterinário André Mello. “Neste período de gravidez, deve-se evitar limpar as fezes do gato, dar beijinho, ter contato direto com os pets o tempo todo. É a melhor precaução”, completa.
Para dissipar as dúvidas residuais das futuras mamães mais preocupadas, é possível submeter o felino a exames específicos (sangue, análise das fezes), que excluem definitivamente que o animal seja portador do parasita.
É possível contrair toxoplasmose se:
-Comer carne crua ou mal cozida de animais infectados (porco, boi e etc.).
-Beber água contaminada com o parasita.
-Utilizar utensílios de cozinha que estiveram em contato com a carne infectada (tábuas de cortar, tabuleiros, pratos, facas, espetos, garfos e etc.).
-Tocar as fezes de um gato infectado com as mãos sem luvas.
-Receber um transplante de órgão ou sangue infectado com toxoplasmose.
COMO PREVENIR A TOXOPLASMOSE:
-Usar luvas e pá para manipular a bandeja sanitária.
-Lavar bem frutas e legumes antes do consumo.
-Evitar a ingestão de carne crua ou mal passada, pois o parasita se aloja na musculatura do boi/porco ou outro animal e se instala no organismo humano no momento em que é ingerido.
-Lavar bem as mãos com água e sabão após manipular carnes cruas e vegetais.
-Usar luvas quando mexer no jardim ou lidar com terra.
-Evitar fornecer ao pet carne crua ou mal cozida ou leite cru, não pasteurizado, que possa conter os ovos do parasita. Acostume-o desde filhote a comer somente ração.
-Mantenha o pet bem alimentado (para que ele não coma as presas ao caçar), bem cuidado, em dia com as consultas veterinárias, vacinado e vermifugado.