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Conheça alguns dos menores sapos do mundo recém-descobertos no México

Os sapos recém-descritos estão entre os menores do México, sendo Craugastor candelariensis (à esquerda) o menor. Foto: Reproidução/Jameson et al

Alguns dos menores anfíbios do mundo foram descobertos recentemente no México.

Com alguns dos vertebrados medindo menos de 13 milímetros, as seis novas espécies de Craugastor são sapos do tamanho de comprimidos, vivendo em uma variedade de habitats no México. A confusão com parentes próximos fez com que eles não fossem descobertos pela ciência até agora.

O Dr. Jeff Streicher, curador-chefe de anfíbios e répteis do Museu de História Natural de Londres, participou da descrição das espécies. Para ele é o fim de uma jornada que teve início com seu PhD há mais de uma década.

“Como parte de um capítulo da minha dissertação de doutorado, eu estava trabalhando nesses pequenos sapos em desenvolvimento direto do México”, lembra. “Meu supervisor e eu estávamos interessados neles porque eles são realmente abundantes, enquanto muitos sapos são muito difíceis de encontrar. Apesar disso, os taxonomistas não têm estudado muito o grupo, porque eles são muito variáveis em seu tamanho e coloração, então parecia um desafio especial”, contou.

Ele prosseguiu: “Como muitas vezes acontece, eu tinha muitas coisas diferentes em que estava trabalhando, e este capítulo do meu doutorado nunca chegou onde eu queria que estivesse. Desde que comecei a trabalhar no Museu, encontrei alunos que compartilhavam minha paixão por esses sapos e, finalmente, 12 anos depois, conseguimos entender algumas das relações das espécies nesse grupo.”

A descrição das novas espécies foi publicada na revista Herpetological Mongraphs.

Os atuais recordistas dos menores anfíbios

Embora esses sapos sejam pequenos, eles não são os atuais detentores de recordes para os menores anfíbios.

Por muitos anos, o brasileiro sapo-pulga (Brachycephalus didactylus) foi considerado o menor sapo do mundo. Medindo apenas 8,6 milímetros de comprimento, acreditava-se que o minúsculo anfíbio era o menor animal terrestre após sua descoberta na década de 1970.

No entanto, em 2012, Paedophryne amanuensis foi encontrado em Papua Nova Guiné. Os machos medem apenas 7,7 milímetros de comprimento, em média, e a espécie só foi descoberta quando os pesquisadores que ouviram os ruídos dos sapos se concentraram em seu chamado único.

Por que os animais ficam tão pequenos ainda é um mistério. Para animais maiores, o processo de miniaturização insular, na qual populações isoladas em pequenos ambientes diminuem de tamanho, está associado à redução da pressão de predação e à menor disponibilidade de alimentos.

No entanto, para animais já pequenos, como sapos, o encolhimento pode conduzir seus corpos ao limite. Pode levar à perda de ossos, esqueletos mais finos e estágios de seu ciclo de vida serem ignorados.

Acelerar o ciclo de vida e limitar o crescimento pode permitir que animais miniaturizados emerjam mais rapidamente do que suas contrapartes maiores e lhes dê uma vantagem sobre a reprodução. Além disso, ser pequeno permite que esses animais explorem diferentes recursos alimentares e habitats, como a serapilheira (camada de material orgânico ou em decomposição) habitada por P. amanuensis.

Com mais pesquisas necessárias para descobrir por que maior nem sempre é melhor para algumas espécies, as seis novas espécies de Craugastor adicionam novas informações para os cientistas discutirem.

A espécie Paedophryne amanuensis tem menos de oito milímetros de comprimento.
Foto: Reprodução/Rittmeyer et al/Plos One

Como os novos sapos em miniatura foram descobertos?

Craugastor é um gênero de anfíbios anuros da família Craugastoridae. O gênero possui 113 espécies descritas, que são encontradas do sudoeste dos Estados Unidos até o Equador.

No que diz respeito às seis novas descobertas, elas pertencem ao grupo Craugastor mexicanus.

Os sapos Craugastor endêmicos do México e da Guatemala vivem na serapilheira de uma variedade de florestas diferentes – da floresta montanhosa à floresta tropical. Eles abrangem uma gama de diferentes tamanhos e colorações, com muitas espécies vivendo lado a lado.

Isso significa que espécies de sapos em miniatura podem ter sido confundidas com juvenis de parentes maiores, disseram os pesquisadores. Então eles começaram a reavaliar os anfíbios e descobrir quantas espécies existem na realidade.

Sapos mantidos em coleções de história natural ao redor do mundo foram estudados para revelar detalhes sobre suas características e genética. Ao longo do caminho, a equipe de pesquisadores encontrou um método incomum de inferir onde um pequeno sapo era um adulto ou apenas um juvenil de uma espécie maior.

“Pode ser desafiador descobrir se um sapo é adulto ou não, especialmente quando está em uma coleção de museus há algum tempo”, explica Jeff Streicher. “Um aspecto útil de sua anatomia é que os machos de quase todas as espécies têm testículos pigmentados. Parece que à medida que os testículos se desenvolvem, eles se tornam mais pigmentados, então sapos machos com testículos muito mais escuros são provavelmente sexualmente maduros.”

No total, seis novas espécies foram descritas, elevando o número total desse grupo de sapos mexicanos para 12. Aí está incluído o C. bitonium, nomeado por seu padrão de cores de dois tons, junto com outros chamados pela área local.

“É difícil escolher um favorito, mas C. cueyatl se destaca porque tem o nome de uma palavra asteca para sapo”, disse o Dr. Streicher. “Foi bom honrar a rica e profunda história humana do Vale do México, já que os astecas provavelmente conheciam essa espécie”, acrescentou.

“Também estou impressionado com C. candelariensis, que tem o nome da localidade em que o encontramos, já que os machos podem ter apenas 13 milímetros de comprimento. É provavelmente o menor sapo do México e eu acho fascinante que um sapo possa ser tão pequeno quanto adulto.”

Uma espécie, C. portilloensis, é ainda menor com pouco mais de 11 milímetros de comprimento, mas como os espécimes não estão totalmente desenvolvidos, é difícil avaliar o quanto esses sapos podem ser maiores.

Embora esses sapos possam ser pequenos, eles enfrentam grandes ameaças. Algumas das espécies são classificadas no nível mais baixo de preocupação com a conservação, mas outras estão ameaçadas de extinção. Eles enfrentam ameaças, incluindo fragmentação de habitat e quitridiomicose, uma doença fúngica que está dizimando populações de anfíbios em todo o mundo.

“Mesmo na última década, muitas de suas populações parecem estar em declínio. Muitos desses sapos encorpados são provavelmente micro-endêmicas, então eles não têm uma grande habilidade de se dispersar”, destacou Tom Jameson, principal autor do estudo científico.

Como anfíbios, eles secam com bastante facilidade, então, se seus habitats mudarem devido a mudanças no uso da terra ou mesmo eventos naturais, como deslizamentos de terra, eles podem não ser capazes de se afastar”, acrescentou.

Os pesquisadores disseram que os seis sapos devem ser classificados como ameaçados de extinção, ou listados como “dados insuficientes”, para que seu estado de conservação possa ser melhor avaliado no futuro.

“Sabemos que há outras espécies que precisam ser descritas”, complementa Jeff. “Este estudo redefine a compreensão taxonômica deste grupo e, com a maior compreensão que temos agora, fornece uma estrutura para identificar onde estão essas espécies não descritas.”

Com informações da Herpetological Mongraphs