Pesquisadores encontraram nos Estados Unidos o fóssil de um réptil marinho que viveu há centenas de milhões de anos. Trata-se de um ictiossauro gigantesco que evoluiu rapidamente até alcançar o enorme tamanho de alguns dos atuais cetáceos. Descoberto em 1998, em uma unidade de rocha chamada Fossil Hill Member nas Montanhas Augusta de Nevada, ele só foi completamente escavado em 2015 e agora é tema de um novo estudo publicado na revista científica Science.
Os restos da espécie nunca antes identificada, batizada de Cymbospondylus youngorum, remontam ao período Triássico Médio, que aconteceu há cerca de 240 milhões de anos. Devido às características do focinho do animal, alargado e com dentadura cônica, acredita-se que ele poderia ter sido um predador de lulas e peixes, ou também de répteis marinhos menores.
Com base nos quase dois metros de diâmetro do crânio, a equipe de cientistas acredita que o ictiossauro chegou a medir mais de 17 metros. Ou seja, ele teria alcançado tamanhos similares aos das maiores baleias que existem hoje em dia.
Os ictiossauros eram habitantes comuns de todos os oceanos do mundo durante a maior parte da chamada ‘Era dos Dinossauros’ e sua forma é uma reminiscência de alguns tipos de baleias atuais.
No estudo, Martin Sander, especialista do Museu de História Natural de Los Angeles, afirma que a nova espécie evoluiu relativamente rápido, em apenas 2,5 milhões de anos. Como referência dessa rapidez, está o caso das baleias modernas, que demoraram 50 milhões de anos, de um total de 55 milhões de existência, a evoluir até as gigantes dimensões que apresentam atualmente
Estudos comparativos
Baleias e ictiossauros têm diferenças muito marcantes, mas também compartilham muito mais do que uma simples variação de tamanho puxando para o ‘enorme’, pois possuem semelhanças importantes em termos de conformação corporal, movimentos possíveis já que ambos surgiram após uma grande extinção.
Essas semelhanças são muito valiosas para os cientistas, pois permitem que façam estudos comparativos entre as duas espécies. Para isso, modelos computacionais são combinados com dados da paleontologia tradicional e aqueles fornecidos pela biologia atual, a fim de entender o processo que explica como esses animais marinhos alcançaram de forma independente esses tamanhos colossais.
“Esta descoberta e os resultados do nosso estudo destacam como diferentes grupos de tetrápodes marinhos desenvolveram tamanhos corporais de proporções épicas sob circunstâncias um tanto semelhantes, mas em taxas surpreendentemente diferentes”, disse Jorge Velez-Juarbe, curador associado do setor de Mamíferos Marinhos do Museu de História Natural de Los Angeles.
“Seguindo em frente, com o conjunto de dados que compilamos e os métodos analíticos que testamos, podemos começar a pensar em incluir outros grupos de vertebrados aquáticos secundários para entender esse aspecto de sua história evolutiva.”
Fonte: Live Science e Natural History Museum