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Do lobo-guará ao cachorro-do-mato, saiba quais são os canídeos brasileiros

Os canídeos são os animais pertencentes à família Canidae – a mais antiga da ordem Carnívora -, que engloba cães, lobos, chacais, coiotes e raposas. São divididos em 35 espécies espalhadas pelo mundo, em todos os continentes (exceto Antártica).

A história da família Canidae teve início na América do Norte, há cerca de 46 milhões de anos. Na América do Sul, os seus primeiros representantes surgiram no início do Pleistoceno, vindos da América do Norte, há aproximadamente 3 milhões de anos. E então irradiaram para alcançar sua diversidade atual.

No Brasil ocorrem seis espécies de canídeos silvestres desta família. Vamos conhecê-las?

O lobo-guará possui patas tão compridas que podem atingir 1 metro. Fotos: Canvas

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

É o maior canídeo da América do Sul e o mais popular do cerrado brasileiro. Inconfundível, possui patas tão compridas que podem atingir 1 metro, estando assim adaptado para a locomoção entre as altas gramíneas do cerrado. A pelagem é de um vermelho-dourado forte, com manchas esbranquiçadas. Habitam áreas de vegetação aberta incluindo campos, cerrados e florestas de cerrado. São encontrados ao longo da América do Sul Central, desde o nordeste do Brasil até o norte do Uruguai. Ao contrário dos outros lobos, seus hábitos são solitários, formando casais apenas na época de reprodução. Na categoria de animais silvestres ameaçados de extinção, a espécie está classificada atualmente como vulnerável. Redução e destruição do habitat e abate por tiro estão entre as causas.

O cachorro-do-mato ocorre em todos os biomas brasileiros e atua como dispersor de sementes

Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)

O cachorro do mato ocorre em grande parte da América do Sul, incluindo todos os biomas brasileiros. Possui uma coloração variável entre cinza e castanho, usualmente com tons de amarelo. São onívoros noturnos e alimentam-se de uma grande variedade de itens, desde frutos e pequenos mamíferos, até carcaças de animais mortos. Atuam como dispersores de sementes, contribuindo para a manutenção dos ecossistemas. Sua ampla plasticidade alimentar permite sobreviver em áreas degradadas e antrópicas. Por isso, é muito comum observá-lo em áreas peridomiciliares revirando lixo ou mesmo interagindo com cães domésticos. Infelizmente, é uma espécie comumente encontrada atropelada em estradas pelo Brasil. E também encontra-se na categoria vulnerável.

Única espécie de canídeo brasileiro endêmica do Cerrado, a raposa-do-mato encontra-se ‘Vulnerável’

Raposa-do-campo (Lycalopex vetulus)

Esta é a única espécie de canídeo brasileiro endêmica do Cerrado, bioma sob alta pressão antrópica e com menos de 20% de sua área original ainda em estado primitivo. A raposa-do-campo ocupa áreas de campo aberto e apresenta atividade predominantemente noturna. Sua dieta é constituída de insetos (como cupins, formigas e besouros), pequenos roedores, aves e frutos. Durante as épocas de maior disponibilidade de alimento, podem ser vistas em grupos de  três a cinco indivíduos. Os filhotes nascem em tocas abandonadas de tatús ou em vegetação densa. A espécie está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como “Quase ameaçada” e pelo ICMBio como “Vulnerável”.

O cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas é raramente visto em seu habitat natural. Foto: Wikimedia Commons

Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis)

Esses canídeos possuem orelhas curtas e cabeça alongada. O pelo possui coloração geralmente cinza escuro, com a barriga vermelho claro e cauda levemente mais escura. É o canídeo silvestre brasileiro menos conhecido e é raramente visualizado em seu ambiente natural. Ocupa áreas de florestas tropicais e ocorre na bacia Amazônica da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e possivelmente Venezuela. Sua dieta consiste de pequenos (roedores) a mamíferos médios, peixes, moluscos, frutos, insetos, aves e répteis. A perda de habitat é provavelmente a maior ameaça a essa espécie, que está classificada como Vulnerável.

O graxaim-do-mato ocorre desde o sudeste do Brasil ao leste da Bolívia

Graxaim-do-campo

Canídeo de tamanho médio, muito similar ao cachorro-do-mato, mas com coloração mais clara no dorso e patas anteriores em cinza-prateado, com pelagem muito densa. Ocorre no centro-leste da América do Sul, desde o sudeste do Brasil e leste da Bolívia, e são fortemente associados com habitats de campos abertos dos pampas, cerrados e Chacos. Eles possuem picos de atividade noturnos e diurnos. Sua dieta generalista consiste de pequenos mamíferos, insetos, frutos e carcaças. Sua alimentação parece variar com o habitat e disponibilidade de presas e já foi demonstrado ter alteração como um resultado de perturbação humana. Está classificada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como espécie Menos Preocupante.

O cachorro-vinagre tem uma dieta predominantemente carnívora, mas também pode incluir frutos

Cachorro-vinagre (Speothos venaticus)

Esta espécie vive em uma variedade de tipos florestais, e é frequentemente encontrada próximo de rios. Além do Brasil, há registros de ocorrência no Panamá, Equador, Colombia, leste do Peru, Venezuela, Guiana, Paraguai, nordeste da Argentina e leste da Bolívia. O cachorro-vinagre possui uma aparência distinta, com pequenas orelhas arredondadas e pernas e cauda curtas. A cabeça e pescoço possuem uma coloração de marrom-claro que escurece, tornando-se marrom-escuro ou preto na parte posterior e cauda. Eles usam troncos ocos e cavidades, como tocas de tatu, como abrigo e caçam durante o dia. Ao contrário de outros canídeos brasileiros, sua dieta é predominantemente carnívora, mas também pode incluir frutos. Eles se alimentam de grandes roedores, pequenos veados e emas. A espécie está classificada como “Quase ameaçada” e pelo ICMBio como “Vulnerável”.

MB com informações do Pró-Carnívoros e ICMBio