A preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) é um dos 89 mamíferos brasileiros que ocorrem exclusivamente na Mata Atlântica e é classificada como vulnerável (VU) nas Listas Vermelhas Nacional e Internacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, principalmente pela fragmentação e perda de habitat.

A Mata Atlântica ocupava originalmente cerca de 15% do território nacional (1,3 milhão de quilômetros quadrados) e 17 estados brasileiros. Atualmente, os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca de 22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de regeneração, restando apenas cerca de 8,5% em bom estado de conservação com fragmentos acima de 100 hectares.

De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), existem três populações geneticamente distintas da preguiça-de-coleira nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, respectivamente.

Também chamada aí-pixuna, aí-igapó e preguiça-preta, esta espécie caracteriza-se por uma pelagem espessa de cor castanho-claro, uniforme por todo o corpo, e uma coleira de pelos longos e pretos ao redor do pescoço, geralmente mais longa e nítida na região dorsal anterior. Este tufo de pelos pretos está ausente nos filhotes e juvenis, cujo dorso varia do castanho ao marrom-claro. Nos indivíduos adultos (acima de 4 anos), a coleira preta é maior e mais intensa nos machos do que nas fêmeas. Embora variável, o tufo preto é maior e composto por pelos mais longos nos machos do que nas fêmeas

Projeto Preguiça

Existem ainda poucas informações acerca da biologia, ecologia e genética das diferentes populações da espécie. Por isso, o Instituto Tamanduá, através do Projeto Preguiça, iniciado em 2019, tem como foco levantar dados sobre a biologia (alimentação, comportamento), ecologia (área de vida, pontos de ocorrência e distribuição), biometria, genética e as principais ameaças que acometem a preguiça-de-coleira no litoral da Bahia (saúde e ambiente). Segundo o Instituto, as pesquisas visam rever o status de conservação da espécie para o Brasil.

FICHA TÉCNICA E CURIOSIDADES:

NOME CIENTÍFICO: Bradypus torquatus.

ORIGEM: Brasil.

DISTRIBUIÇÃO: Existem três populações geneticamente distintas da preguiça-de-coleira nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, respectivamente. Os dados disponíveis até o momento indicam que a população localizada ao norte da distribuição da espécie (sul da Bahia) pode ser considerada, sob o ponto de vista genético, como uma subespécie separada, embora sejam indistinguíveis dos outros na morfologia externa

HABITAT: Endêmica da Mata Atlântica. Habita tanto florestas localizadas ao nível do mar (sul da Bahia, centro-norte do Espírito Santo e norte do Rio de Janeiro) como florestas baixo-montanas (600-900m de altitude). Até o momento, não foi encontrada acima dos 1.000 m (região serrana do Espírito Santo). Parece preferir as matas ombrófilas densas e ainda não foi encontrada em florestas semidecíduas ou decíduas. Cerca de 80% dos pontos com ocorrência confirmada estão em Floresta Ombrófila. Bradypus torquatus é encontrada em matas primárias, mas também é capaz de sobreviver e até mesmo atingir altas densidades populacionais em matas secundárias, como já foi observado em fragmentos da região de Santa Maria de Jetibá e de Aracruz, na zona serrana e na baixada litorânea do Espirito Santo, respectivamente.

TAMANHO: Os machos adultos têm um comprimento total da cabeça e do corpo de 55 a 72 cm, com uma cauda de cerca de 5 cm de comprimento e um peso de 4,0 kg a 7,5 kg. As fêmeas são geralmente maiores, medindo 55 cm a 75 cm. E pesando 4,5 kg a 10,1 kg.

HÁBITOS: Possui hábitos solitário e arborícola restrito. Tem atividade diurna e noturna, dependendo da área ou região. É predominantemente diurna na Reserva Ecológica Santa Lúcia, Espírito Santo e predominantemente noturna na Reserva Biológica do Poço das Antas, Rio de Janeiro. Estudos recentes indicam que alguns indivíduos, de uma mesma localidade, podem apresentar atividade diurna, enquanto outros têm atividade noturna. O nível de atividade é maior que a de outras espécies do mesmo gênero e embora estas diferenças possam ser específicas para cada espécie, acredita-se que o alto nível de atividade da preguiça-de-coleira possa ser uma adaptação ao ambiente mais frio das montanhas da Mata Atlântica.

REPRODUÇÃO: O período de gestação é desconhecido, mas ao que tudo indica deve ser semelhante às demais espécies do gênero, ou seja, em torno de seis meses. A ingestão de folhas pelo filhote começa com duas semanas de idade, entretanto a amamentação continua entre 2 e 4 meses de idade. As fêmeas parem apenas um filhote por ano, que atinge a independência por volta dos 8 a 10 meses de vida, quando abandona a área da mãe para se estabelecer em outro local da floresta.

ALIMENTAÇÃO: A dieta é estritamente folívora, composta por espécies de árvores e cipós, sendo mais de 30 espécies até agora identificadas. Cada indivíduo consome cerca de 15 a 20 espécies/ano. Alimenta-se, preferencialmente, de folhas mais jovens e, raramente, flores e frutos.

TEMPO DE VIDA: Um macho desta espécie viveu no mínimo 12 anos (segundo estudo dos autores Lara-Ruiz & Chiarello 2005).

MB com informações do Instituto Tamanduá e do ICMBio