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O drama dos orangotangos de Bornéu e da Sumatra em perigo de extinção

Os orangotangos estão cada vez mais próximos da extinção. Foto: Canvas

Os orangotangos, cujo nome vem de duas palavras da língua malaia cujo juntas significam “pessoa da floresta”), são animais pertencentes ao gênero Pongo, da ordem Primata e classe Mammalia. São um grupo de hominídeos composto por três espécies de grandes símios nativos do Sudeste Asiático: o orangotango-de-Bornéu (Pongo pygmaeus), o orangotango-de-Sumatra (Pongo abelii) e o orangotango-de-Tapanuli (Pongo tapanuliensis). Este último, o grande primata mais raro do mundo, só descoberto em 2017, e com apenas 800 indivíduos vivos atualmente.

Esses animais de aparência cativante caracterizam-se por terem pelos longos avermelhados, uma dieta herbívora e braços muito longos. Vivem em média 35 a 40 anos em ambiente selvagem e 50 anos em cativeiro, são arborícolas, têm uma altura entre 1,2 e 2 metros e pesam entre 30 kg e 120 kg, o que os torna os segundos maiores primatas do mundo.

Com seus grandes braços, eles podem se mover habilmente entre os galhos e trepadeiras da selva. De fato, são até mais bem adaptados à vida arbórea do que os gorilas. Eles passam a maior parte do tempo nas árvores e dormem no alto da selva, em uma espécie de ninho construído com galhos, folhas grandes e musgo. Alguns orangotangos, especialmente em Sumatra, raramente tocam o solo.

Nas últimas duas décadas, no entanto, os orangotangos têm sido observados com cada vez mais frequência. Mas não por se encontrarem em maior número em seus habitats. Pelo contrário. O motivo é a redução acelerada e incessante das populações desses animais, que estão cada vez mais próximos da extinção.

Quantos restam no mundo?

De acordo com a Orangutan Foundation International, existem cerca de 57.000 orangotangos-de-Bornéu (listados como ameaçados de extinção), 13.000 orangotangos-de-Sumatra (criticamente ameaçados) e apenas 800 orangotangos-de-Tapanuli na natureza (risco iminente de extinção). Segundo a ONG, 80% dos orangotangos vivem fora das áreas protegidas.

Evidências fósseis conhecidas da era do Pleistoceno (cerca de 1,8 milhão de anos a 11.500 anos atrás) apontam que os orangotangos viviam em grande parte do Sudeste Asiático, de Java no sul, Sudeste de Laos e sul da China.

Principais ameaças

Nas últimas três ou quatro décadas, a população de orangotangos foi reduzida entre 50 e 80%. Desmatamento, exploração de florestas para cultivo intensivo de óleo de palma e soja, extração ilegal de borracha, de madeira e mineração são as principais causas que reduziram seu habitat natural e confinaram a maioria deles a um pequeno canto da ilha de Sumatra.

Os orangotangos passam 90% de suas vidas em árvores, então o desmatamento torna sua subsistência impossível. Mas, esses primatas também enfrentam os maus-tratos de seres humanos, que os caçam (mais de 1.500 por ano foram documentados apenas em Bornéu), os vendem e os transformam em animais de estimação ou para exibição. Acredite, em Bornéu algumas fêmeas foram resgatadas de bordéis! Em 2018, inclusive, houve um caso de grande repercussão em que uma entidade resgatou uma fêmea de um bordel, acorrentada em um quarto, onde era sistematicamente submetida a violência sexual.

A grande maioria dos orangotangos traficados são filhotes separados de suas mães e vendidos por milhares de dólares.

Brenda, de cerca de 3 meses, foi resgatada de uma aldeia após sua mãe ter sido morta. O úmero de seu braço foi quebrado em dois, mas ela foi operada com sucesso. Foto: Alan Schroeder/Reprodução

Baixa taxa de reprodução

Os orangotangos têm uma taxa reprodutiva extremamente baixa. As fêmeas atingem a maturidade sexual a partir dos 11 anos, geralmente têm seus primeiros filhotes por volta dos 14 anos e têm no máximo quatro ou cinco filhotes ao longo da vida.

O período de gestação varia entre 8 e 9 meses e os filhotes são dependentes de suas mães nos primeiros cinco a 11 anos de vida, o que os torna os filhotes com o maior período de dependência materna no reino animal.

Se uma fêmea reprodutora copular com um macho fértil, ela tem muito pouca chance de engravidar. Se um filhote ficar órfão antes dos 5 anos, provavelmente não sobreviverá. Embora os orangotangos machos sejam polígamos e geralmente forcem as fêmeas a copular com eles à força, eles não estão acostumados ao infanticídio, pois quando um filhote morre, a mãe não pode engravidar imediatamente, algo que acontece em outras espécies.

Alterações climáticas

O aumento da temperatura, a diminuição das chuvas, a degradação dos solos, os incêndios florestais e as secas extremas são apenas algumas das consequências das atuais alterações climáticas. Além das ameaças anteriormente citadas, esses demais fatores prejudicam muito os orangotangos, reduzindo seus habitats, limitando suas fontes de água e alimentos, segmentando e isolando suas populações e fazendo com que seus indivíduos fiquem fracos, doentes e, nos piores casos, morram.

São quase humanos

Os orangotangos compartilham 96% de DNA com os humanos. Eles são tão inteligentes que podem fazer e usar ferramentas e aprender a se comunicar usando linguagem de sinais e lexigramas. Esses primatas não são tão sociais quanto os gorilas, chimpanzés ou bonobos e passam muito tempo sozinhos. Já a sua dieta é muito variada: eles comem principalmente frutas silvestres de todos os tipos, folhas, brotos de outras plantas e às vezes também insetos, especialmente cupins e formigas. Eles também se alimentam de ovos de pássaros, mel e cogumelos.

Orangotango sendo devolvido à natureza. Foto: Reprodução

Como evitar a extinção do orangotango

A intervenção humana imediata é essencial para deter ou retardar o declínio das populações de orangotangos. Se nenhum investimento for feito em programas de reprodução, a destruição indiscriminada de seus habitats for interrompida, e sua caça e tráfico ilegal for erradicado, os orangotangos podem ser extintos antes do ano de 2050, alertam os ambientalistas.

Muitas associações e fundações científicas e ambientais em todo o mundo trabalham para a conservação desses primatas. Por meio de ações como a conscientização das comunidades e a reabilitação e realocação de espécimes vulneráveis, por exemplo, essas organizações conseguiram salvar a vida de muitos orangotangos em risco de extinção.

Organizações como o Sumatran Orangutan Conservation Programme (SOCP) e a Orangutan Foundation International tentam melhorar suas condições, cuidando daqueles animais que se recuperam feridos ou maltratados por humanos que procuram ‘domesticá-los’. As ONGs que lidam com eles tentam não apenas curá-los, mas também reintegrá-los na selva, seu único lugar no planeta.