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Tamanduá-bandeira: curiosidades sobre esse simpático narigudo

Espécie surgiu na América do Sul entre 65 a 80 milhões de anos atrás. Fotos: Canvas

Um narigudo simpático e diferentão. Assim podemos definir o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), uma das espécies-chave para a manutenção dos ecossistemas onde estão inseridos.

Ele é membro da superordem Xenarthra, grupo de mamíferos que inclui os tatus, tamanduás e bichos-preguiça e surgiu na América do Sul entre 65 a 80 milhões de anos atrás.

Com uma aparência tão singular, o tamanduá-bandeira chama a atenção por onde passa. Em primeiro lugar, pelo seu tamanho: considerando sua longa cauda, seu comprimento pode chegar aos dois metros, mas em média chega a 1,2m. Já o seu peso pode chegar a mais de 45 kg, mas em média pesa cerca de 31,5 kg.

Falando na cauda, ela deu origem ao nome desse gigante: bandeira. Afinal, durante o movimento, ela se balança exatamente como uma.

Outra característica marcante é a faixa diagonal preta com bordas brancas que possuem em meio à grossa e comprida pelagem acinzentada. E claro, o seu focinho estreito e comprido, que abriga uma longa língua, de até 60cm de formato tubular. Especializados em comer cupins e formigas, os bandeiras usam sua língua repleta de saliva pegajosa para capturar os insetos dentro de cupinzeiros e formigueiros.

Para abrir um buraquinho nessas firmes estruturas e pegá-los, eles contam com seus membros anteriores. Dos quatros dedos que possuem, o segundo e o terceiro apresentam garras longas e fortes, usadas tanto para auxiliar na alimentação quanto para defesa contra seus predadores, os grandes felinos (onças-pintadas e onças-pardas).

Ao caminhar, suas garras ficam voltadas para trás, encaixadas em seu coxim palmar. Assim, eles caminham apoiando o peso na parte posterior do membro.

Por outro lado, seus membros posteriores possuem cinco dedos, todos com unhas curtas. E por fim, o seu principal sentido é o olfato, seguido da audição e da visão, que não é bem desenvolvida.

Hábitos solitários

Eles são mais ativos durante os períodos mais amenos do dia, afinal, não lidam bem com temperaturas muito quentes, nem extremamente frias. Normalmente, nos períodos mais frescos do dia, eles usam áreas abertas para a alimentação e nos períodos mais quentes, áreas florestais para repouso e abrigo.

Uma curiosidade, é que são excelentes nadadores, podendo atravessar rios largos. Inclusive, não é difícil serem encontrados tomando um bom banho. Na hora de dormir, usam sua bela cauda como camuflagem e como um cobertor para manter o corpo quentinho.

Dieta do tamanduá-bandeira é composta principalmente por formigas e cupins

Formigas e cupins no cardápio

Sua dieta é composta por formigas e cupins, mas o consumo de larvas e adultos de besouros, assim como abelhas (e possivelmente mel), já foi documentado.

Em um único dia, um tamanduá pode consumir cerca de 35 mil formigas/cupins, possuindo uma importante função ecológica de controle populacional desses insetos.

Reprodução e longevidade

Os tamanduás-bandeira atingem a maturidade sexual entre 2,5 e 4 anos de idade e podem se reproduzir ao longo de todo o ano. A fêmea tem um filhote por gestação (embora, em raríssimos casos, houve relatos de gêmeos) e cada gestação dura cerca de 190 dias.

Após nascer, o filhote fica grudado nas costas da mãe por 6 a 9 meses, camuflando em meio a sua pelagem. À medida que cresce, ele começa a também se alimentar de insetos, reduzindo o consumo do leite materno, até que se torne independente.

De acordo com o Instituto Tamanduá, que é referência em pesquisa e manejo desses animais, embora o bandeira tenha filho único, uma fêmea já foi vista com dois filhotes de tamanhos diferentes, grudados em suas costas.

Não se sabe quanto tempo eles vivem em vida livre. Em cativeiro, o maior tempo registrado foi de 32 anos, no Zoológico de São Paulo.

No Pantanal encontra-se uma das populações da espécie mais importantes para o país

Distribuição da espécie

Ocorrem em quase todos os biomas brasileiros: Pantanal, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica e Amazônia. E também em outros países da América do Sul e Central.

No Pantanal, onde o Instituto Tamanduá atua desde 2005, encontra-se uma das populações mais importantes para o país, que auxilia na conservação de todas as outras. A população pantaneira é uma das maiores contribuintes genéticas para as populações vizinhas, permitindo que a variabilidade genética continue viável.

Status de conservação

Infelizmente, a ampla distribuição dos tamanduás-bandeira não é sinônimo de abundância de indivíduos. As populações vêm diminuindo consideravelmente e a espécie é considerada internacionalmente como Vulnerável (VU).

No Brasil, já é considerada possivelmente extinta nos estados do Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Já nos estados do Paraná, Pará, São Paulo e Minas Gerais está ameaçada de extinção.

Em outras palavras, somente as populações do Pantanal e da Amazônia são relativamente estáveis. No Cerrado e na Mata Atlântica, as populações provavelmente estão diminuindo, podendo já estar quase extinta neste último bioma. E, já na Caatinga, a sua presença precisa ser melhor estudada.

No Uruguai, Belize, Guatemala, El Salvador e em alguns locais da Argentina, sua possível extinção foi documentada.

Os atropelamentos nas rodovias e os incêndios florestais estão entre as principais ameaças

O desmatamento, que leva a perda e a fragmentação de seus habitats, está entre as principais ameaças. Além desta, há os incêndios florestais, grande ameaça em todo o país, os atropelamentos, a caça, o envenenamento por agrotóxicos, enfermidades de animais domésticos e ataques de cães.

São muitas as ameaças que os cercam e as suas populações estão reduzindo. Por isso, o Instituto Tamanduá não mede esforços para contribuir com a conservação dos tamanduás-bandeira. Trabalho este que é focado em ações de pesquisa, educação e de políticas públicas, favorecendo o equilíbrio do meio ambiente e sua biodiversidade. Um exemplo é o Projeto Órfãos do Fogo, que reabilita e reintroduz, dando uma segunda chance aos tamanduás órfãos das queimadas no Pantanal.

Por falar nisso, uma das melhores formas de todo mundo ajudar essa espécie é apoiando as instituições que trabalham direta ou indiretamente na conservação dos tamanduás e de seus habitats.

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Fonte: Instituto Tamanduá