CURUMUXATIBA (BA). A viagem é longa: são cerca de cinco mil quilômetros da Antártida, no Polo Sul do planeta, até chegar ao litoral sul da Bahia, na costa brasileira. É esse o destino anual preferido das baleias jubarte, que no período de julho a outubro, migram em busca das águas mornas, calmas e sem predadores naturais – orcas e tubarões – para acasalar, procriar e amamentar seus filhotes.
Estes imensos mamíferos marinhos concentram-se no arquipélago do Parque Nacional Marinho de Abrolhos. Mas, a avistagem das jubartes acontece em todos os municípios da região conhecida como Costa das Baleias (com destaque para Praia do Forte, Morro de São Paulo, Itacaré, Barra Grande e Porto Seguro), principalmente no balneário de Cumuruxatiba, no extremo sul da Bahia.
“No tempo que as jubartes estão na Antártida, elas somente se alimentam de krill (um tipo de camarão) e de pequenos peixes, para garantir uma grande reserva de gordura para aguentar a longa viagem. Comem, em média, uma tonelada por dia. Já aqui, em águas tropicais, elas não comem nada, e usam a gordura acumulada para sobreviver no período de jejum”, explica a bióloga Juliana Sakagawa Prataviera, da ONG Nema Cumuru (Núcleo de Estudos do Meio Ambiente de Cumuruxabiba).
As baleias jubarte (Megaptera novaeangliae), quando adultas, podem atingir 16 metros de comprimento e pesar 40 toneladas. Quanto aos filhotes, estes já nascem pesando cerca de 1,5 tonelada e sugam, pelo menos, 200 litros de leite por dia. “A fêmea é maior que o macho, e seu borrifo de água alcança até 3 metros de altura. Elas também se comunicam por meio de um canto. Mas, apesar de tão gigantes, são animais dóceis, curiosos e lentos. Fatores que, infelizmente, a tornaram alvo de caça”, observa Juliana.
As jubartes já estiveram em risco iminente de extinção. Atualmente, estão em estágio de menor risco. Porém, se em águas nacionais sua caça é proibida, o enrosco em redes de pesca, o atropelamento por navios e os acidentes ambientais, como derramamento de petróleo e escoamento de dejetos tóxicos industrial e agrícolas, constituem as maiores ameaças à espécie no Brasil. “Nossa luta é para que o homem tenha consciência de que esta criatura vale muito mais viva do que morta. Ver as jubartes em seu ambiente natural, sem que tenham fugir à nossa curiosidade, é um espetáculo que não tem preço”, finaliza a bióloga.
Baleias franca em SC
Além da Bahia, o litoral de Santa Catarina também tem a observação de baleias como atração turística. Lá, o mar é das baleias francas (Eubalaena Australis), que escaparam da extinção. Hoje em dia, elas podem ser avistadas das praias, já que a observação embarcada está suspensa.