Deixar o pet sozinho em casa é uma situação que não podemos evitar o tempo todo, principalmente se precisamos sair para trabalhar. Normalmente, algumas horas por dia não costumam ser prejudiciais para os cães, mas há momentos em que a solidão mal gerenciada do animal de estimação pode causar estragos – e até incômodo na vizinhança.

Quando isso acontece, os problemas podem variar desde uma simples punição, por parte do pet, a comportamentos mais agressivos. “Fazer xixi e cocô por toda a casa, destruir objetos, latidos e uivos em excesso, cavar buracos na parede e até mesmo ignorar o tutor na sua chegada são alguns dos sinais do que a solidão pode causar nos animais que não estão habituados a passar um tempo sozinhos”, explica o veterinário Antônio Soares.

De acordo com o profissional, para evitar que o cachorro tenha medo de ficar só, o ideal é acostumá-lo a passar um pouco de tempo sozinho desde filhote.

“Nos primeiros treinos, o tutor não precisa sair de casa, mas pode deixar o animal sozinho em um quarto. No início, não mais que 10 minutos. Depois, voltar quando o cão estiver calmo. Gradualmente, deixe-o mais tempo sozinho até que ele se sinta confortável com sua própria companhia”, orienta Antônio.

Mas isso não significa que cães adultos não possam se acostumar a ficarem sós. Carinho, atenção, paciência e responsabilidade são fundamentais para os pets de qualquer idade não sofrerem com a ausência da família humana.

Algumas ações também podem ser úteis para amenizar a solidão. “Aumente os exercícios físicos antes e depois de sair de casa, para o animal gastar energia, como passeios mais longos. Deixe petiscos para ele se distrair e, se possível, mantenha um rádio ligado em casa, em volume baixo, para ele ter a impressão que tem pessoas próximas a ele”, orienta o veterinário.

Outra forma de contornar a ausência do tutor é recorrer a serviços especializados voltados para o bem-estar animal, como pet sitter (cuidador animal), passeadores, creche, proporcionar atividades esportivas ou, ainda, dar uma companhia da mesma espécie para ele.

Tempo que o animal pode ficar sozinho em casa

O tempo que um cão pode ficar sem companhia em casa depende de vários fatores. Mas, como regra geral, um cachorro adulto não deve passar mais do que oito horas sozinho.

Idade. Em geral, filhotes e cães idosos, devido à sua constante necessidade de carinho e atenção, são os menos propensos a ficarem sozinhos no lar.

Estado de saúde: Cachorros doentes, que precisam tomar seus remédios em determinados horários, não podem ficar muito tempo sem companhia, pois a solidão pode agravar ainda mais sua condição.

Situações traumáticas: Cães que passaram por situações traumáticas, como se assustar com o barulho de foguetes quando estão sozinhos, ou animais mais rudes, que não controlam seus impulsos, precisam de mais supervisão e atenção.

Caráter do cão: Existem cães mais autossuficientes, com um jeito de ser mais independente, o que os ajuda a suportar melhor as horas em que não há mais ninguém com eles em casa. Assim como há cães que são naturalmente mais ansiosos e agitados (caso das raças chihuahua, pinsher e poodle toy, entre outras).

Dicas para começar a deixar o cão sozinho, sem tédio e tristeza:

Brinquedos. Seja de pelúcia, de mastigação ou de corda, eles são válidos para distraí-los, mas serão novidade só por um tempo. Quando perceber que o animal está perdendo o interesse por ele, guarde-o e substitua-o por outro. O brinquedo antigo pode ser reapresentado após 2, 3 meses.

Dê preferência aos brinquedos interativos – como aqueles que podem ser recheados com grãos de ração – para entretê-los por mais tempo. Os cães, ao mordê-los, retiram as guloseimas, e assim, ao mesmo tempo em que gastam energia, também são recompensados. Já os brinquedos mordedores são uma boa opção para os cães filhotes, pois satisfazem o desejo de mastigar, enquanto massageiam as gengivas e permitem que a dentição se desenvolva adequadamente.

Espaço. Desde filhote, permita que o animal aprenda a ficar um pouco sozinho e não seja tão dependente da companhia do tutor.

Exercícios. O tutor deve aumentar a quantidade de exercícios do cão, antes e depois de sair de casa. Brinque com ele ou leve-o para passear para que ele possa tirar uma boa soneca durante a ausência da família.

Som. Deixar um rádio ligado ajuda a tirar a sensação de vazio.

Recompense o pet somente quando ele estiver calmo. Por mais tentador que seja, é importante que o tutor não recompense o cão com carinho e atenção quando ele estiver nervoso ou inquieto. Ao tentar tranquilizá-lo, o tutor apenas acentua a preocupação dele. O melhor é ensiná-lo que ele não deve ter medo de ficar em casa sozinho. Ao retornar, o tutor deve cumprimentá-lo com calma para evitar que ele reaja exageradamente ou faça associações negativas. Com o tempo, o pet aprenderá que seu humano está voltando e que ele não precisa se preocupar.

Serviço especializado. Se o tutor passa muito tempo fora de casa, também é possível recorrer aos serviços de  solução de uma pet sitter, de uma creche pet ou de um passeador. 

ATENÇÃO COM O ESPAÇO ONDE O CÃO FICARÁ SOZINHO

Certifique-se de que a lata de lixo esteja fora do alcance do pet. A ingestão de algum tipo de comida ruim para cães pode resultar em envenenamento com resultados fatais.

Faça o mesmo com medicamentos e produtos de limpeza.

Também é muito importante esconder todos os cabos de dispositivos eletrônicos que estão conectados às tomadas. Morder um desses objetos pode resultar em incidentes com descarga elétrica para seu amigo peludo.

Não deixe nenhum objeto pequeno à vista que seu cão possa engasgar, caso queira mordê-lo. A morte por asfixia é evitável, portanto, tente evitar ao máximo essa situação.

Determine os cômodos aos quais o cachorro tem acesso. Se necessário, feche portas e janelas.

Se vai deixar o pet ter acesso à varanda, tome as devidas precauções para que ele não sofra nenhum acidente, como a instalação de telas de proteção.