Difícil resistir ao encanto e toda fofura de um coelho. Eles são dóceis, muito ativos, afetivos, adoram interagir com o tutor e praticamente não fazem barulho. Outro ponto positivo é facilidade nos cuidados. Não é à toa que esse mamífero da família dos leporídeos, originário do norte da África e Europa, é um dos pets mais queridos do mundo – além de ser um dos símbolos da Páscoa.

Essas bolinhas de pelos com pompom na cauda também podem ser de várias raças – existem mais de 40 -, de pelos longos ou curtos e tem até em versão mini e gigante.

“O coelho ganha cada vez mais espaço como pet porque, além de aparência cativante de bichinho fofo, ele não requer um espaço tão grande para ser criado. É de fácil cuidado e o manejo não requer grandes gastos. Embora, assim como cães e gatos, seja preciso levá-lo ao veterinário para manter o animal saudável e garantir sua longevidade (8 a 10 anos, em média)”, comenta o veterinário André Mello, da clínica Estética Canina Vet Center e responsável pela seção Fale com o Vet no portal Meus Bichos.

Coelhinho da Páscoa o que trazes para mim?

Muito da popularidade do coelho em todo o mundo se deve ao fato de ele ser um dos símbolos da Páscoa. A festividade cristã celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Mas, além do simbolismo religioso, é comum que nesta data as pessoas presenteiem umas às outras com ovos de chocolate.

E onde entra o coelho nesta história? Acontece que, na tradição popular, esse bichinho felpudo é o responsável pela distribuição dos tão esperados ovos de chocolate no domingo de Páscoa – o que é motivo de muita expectativa e alegria para as crianças.

A figura do coelho está relacionada à Páscoa porque, em diferentes culturas, o ovo é visto como símbolo de fertilidade, vida e renascimento. E se tem um bichinho que é para lá de fértil… o coelho se encaixa nesse papel como uma luva!

De fato, em média, as coelhas podem ter filhotes entre quatro e oito vezes por ano e gerar de oito a 12 coelhos por vez! Por isso, pense duas vezes antes de ter um casal de coelhos como pets.

Mas coelho é roedor?

Roer é o passatempo preferido do coelho, é verdade (cuidado com os fios elétricos pela casa, quando for soltá-lo para brincar e se exercitar!). Mas ele não é um roedor. Esse animal tem dois pares de dentes incisivos superiores, enquanto os roedores têm apenas um.

“Trata-se, na realidade, de um lagomorfo (da ordem Lagomorpha e família Leporidae, que inclui coelhos e lebres) herbívoro, ou seja, se alimenta de material vegetal”, completa o veterinário André Mello.

Ter um coelho como pet

O primeiro passo quando você decide ter um coelho como pet é decidir onde esse bichinho ficará alojado. Ele pode ser acomodado em uma gaiola bem ampla e alta o suficiente para que ele dar seus pulinhos, bem como pode ser criado de forma mais livre em um cercado, com cerca de 90 cm de altura. Quanto mais liberdade de movimentos, melhor para o bem-estar do animal. O ideal, portanto, é que o abrigo seja proporcional ao seu tamanho, ou seja, quanto maior o coelho, maior deverá ser a gaiola.

Coelhos precisam de espaço adequado para se movimentar, esticar as pernas, deitar e ficar longe de seus dejetos sem dificuldade. Alguns tutores optam por comprar gaiolas de vários níveis. Isso é bom desde que as rampas sejam acolchoadas – para ele não machucar as patinhas ou correr o risco de prender as unhas na grade – ou a elevação pretendida para o salto esteja ao alcance do bichinho.

Por falar em unhas, estas podem ser lixadas ou cortadas se estiverem muito longas, para evitar arranhões involuntários durante o manejo. Peça ao veterinário para apará-las ou para ensinar como fazer.

Seja gaiola ou cercado, o espaço deve ter comedouros, bebedouros e uma bandeja com granulado higiênico, que lhe servirá como banheiro. Além disso, coloque brinquedos de madeira para entretê-los, tocas e esconderijos de madeira crua para que o animal possa se esconder e também desgastar os dentes e as unhas.

Dica 1: Ofereça meia casca de coco seco vazia para distrair seu pet. Ele a roerá, pulará sobre ela, a empurrará…

Dica 2: Dê para ele brincar pedaços de papelão sem tinta, rolos de papel toalha ou rolos de papel higiênico com feno dentro.

A higiene do espaço e dos acessórios deve ser feita diariamente.

Alimentação rica em fibras

Embora os coelhos adorem cenoura, eles precisam de uma variedade de nutrientes e fibras para manter seu delicado sistema digestivo forte e saudável. A alimentação básica deve ser constituída de diferentes proporções de feno e alfafa, ração de boa qualidade específica para a espécie, vegetais frescos e frutas. Portanto, na gaiola ou no cercado onde o animal vive, mantenha sempre duas tigelas: uma para a ração e outra para os demais complementos servidos em pedaços.

“O importante é dar uma ração adequada e complementar diariamente com verduras, legumes e hortaliças, exceto alface, que dá diarreia e sonolência”, frisa André Mello.

Eles devem ter acesso a feno e alfafa todos os dias (pelo menos 150 gramas), pois são grandes fontes de fibras e também evitam a formação de bolas de pelos no estômago. Outra função dos alimentos fibrosos é manter o desgaste natural da dentição, pois os dentes de um coelho crescem continuamente.

Já alimentos de consumo humano como pão, leite e carne nunca devem ser oferecidos aos coelhos.
Se o seu coelho consumiu comida humana ou qualquer outra coisa fora de sua dieta normal, entre em contato com um veterinário imediatamente.

Comportamento amigável e assustado

Coelhos são assustados por natureza. Qualquer ruído mais alto já lhe desperta medo e faz o coração desse bichinho disparar. “Barulho de queima de fogos, por exemplo, pode até levá-los à morte”, diz o veterinário.

Nos primeiros contatos, o pet pode se mostrar arredio por puro medo, é normal. Mas, quando ele ganha a confiança do tutor, logo ele se revelará brincalhão e interativo. Uma das maneiras de ele demonstrar alegria é dar pulinhos eufóricos para chamar atenção, mordiscar a mão ou o tornozelo do tutor, brincar com os objetos que encontra pela frente e até desafiar o tutor a pegá-lo: ele chega pertinho do seu humano preferido e finge que vai fugir!

Quanto a forma correta de pegar um coelho é importante destacar: nunca o segure pelas orelhas, rabo ou patas. Para que ele se sinta seguro, use as duas mãos para levantá-lo. Coloque uma embaixo do peito e outra embaixo da parte traseira do corpinho. Isso evita que ele se debata e acabe causando arranhões.

“Nunca deixe uma criança pegar o coelho sem supervisão, pois o bichinho pode se assustar, se sentir incomodado e reagir, se debatendo e acabar arranhando a criança. Eles também não gostam de movimentos bruscos, então, antes de pegá-lo, é preciso chegar com calma e fazer com que ele não tenha medo”, orienta o veterinário.

Saúde, pelagem e cuidados no dia a dia

– Evite doenças respiratórias protegendo o coelho da umidade (não dê banho), da poeira e das correntes de ar. No inverno, coloque uma cortina de pano na gaiola ou no cercado para impedir o vento direto).

– Não permita o contato do coelho com a própria urina, que pode causar doenças. Não há necessidade de vacinas. Somente em caso de criação de vários coelhos no mesmo ambiente (criação comercial), é recomendável a vacina contra mixomatose.

– Embora fiquem abrigados na gaiola a maior parte do dia, é importante que você se deixe seu amigo felpudo sair um pouco todos os dias para correr e pular.

– Permita ao coelho tomar banho de sol diariamente durante uma hora. Mas o ideal é até 10h da manhã. O banho de sol ajuda a fixar a vitamina D, fundamental para a saúde dos ossos.

– Tomar sol é fundamental, mas não em excesso, porque os coelhos não toleram calor, são extremamente sensíveis a altas temperaturas. Eles podem ficar exaustos pelo calor se forem mantidos em temperaturas acima de 29°C. Os sinais de superaquecimento incluem ofegar, deitar de lado e letargia. Se notar seu pet com um desses sinais, leve-o imediatamente ao veterinário.

– Quanto aos cuidados com a pelagem, escove o animal periodicamente para remover os pelos mortos. Já os coelhos de pelo longo (como a raça Angorá) devem ser escovados duas vezes na semana.

Agradecimento: Dr. André Mello, da clínica veterinária Estética Canina Vet Center

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