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Lontrinhas do BioParque têm a missão de despertar para a conservação da espécie

Eduardo e Mônica, as lontrinhas da espécie Lontra longicaudis. Foto: Ana Bárbara Garanha/Divulgação BioParque

Fofas até dizer chega, cheias de energia e cativantes que só. Assim são Eduardo e Mônica, as novas lontrinhas do BioParque do Rio, localizado em São Cristóvão, na zona norte da cidade. E elas mal chegaram – uma em maio e a outra, em julho – e já são uma sensação entre o público, que, recentemente, elegeu a duplinha com os nomes da famosa canção da Legião Urbana. Também, pudera, é difícil não se encantar com esses animais da espécie Lontra longicaudis, ameaçada de extinção no estado do Rio de Janeiro.

É exatamente por isso que esses filhotes vieram para o zoológico carioca com uma missão especial: conscientizar os visitantes sobre a conservação da espécie – também conhecida como lobinho do rio ou lontrinha.

“Essas lontrinhas são dois bebês que têm entre seis e oito meses. Idades estimadas, já que elas foram resgatadas, após perderem a mãe. Uma veio do CETAS-RJ (Centro de Triagem de Animais Silvestres) e a outra, de Belo Horizonte”, conta a bióloga Angelita Capobianco, do BioParque. “Isso nos leva a pensar o que ameaça esses animais e o estado de conservação deles. É uma espécie de lontra bem distribuída e não ocorre somente no Brasil. Aqui, a espécie é distribuída no país todo, sempre acompanhando os cursos de água doce (rios, riachos e lagoas), especialmente em bom estado de conservação.”

De acordo com o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade), apesar da ampla distribuição da Lontra longicaudis no Brasil, considerando-se que a taxa de desmatamento é de cerca de 1% ao ano no país, estima-se um declínio populacional da espécie de aproximadamente 20% nos próximos 20 anos. Associado a isso, perdas decorrentes de outros fatores como caça indiscriminada, poluição e expansão da malha hidroenergética podem levar o declínio populacional a se aproximar de 30% nos próximos 20
anos.

“É uma espécie que até tolera alguma perturbação ambiental. O rio ou riacho não precisam estar absolutamente intactos. Mas, esse animal está sempre associado a ambientes conservados, porque ele vai usar a margem para fazer a toca, marcar seu território. Então, conforme você perturba, destrói, degrada e modifica fortemente o que é a beira de um rio, você está complicando a vida de uma lontra, basicamente”, explica a bióloga.

Quem há de resistir a um bebê lontra com tamanha fofura? Foto: Ana Bárbara Garanha/Divulgação BioParque

Nova casa para os filhotes órfãos

Com o objetivo de se tornar uma referência como Centro de Conservação da Biodiversidade, o BioParque, que hoje ocupa o antigo Zoológico do Rio, serve como ponto de apoio e de cuidados para filhotes de animais órfãos. No local, há importantes programas de educação e pesquisa para a conservação. Projetos que são feitos em parceria com instituições de pesquisa e universidades brasileiras e internacionais. 

“Trazendo para a realidade do BioParque, existe a seguinte linha de ação para esses animais: eles estão ameaçados em natureza, então, se a mãe foi abatida, os pequenos vão para centros de resgate, como aconteceu com as nossas lontrinhas. Mas, esses centros são apenas um ponto de passagem. Eles precisam triar e destinar esses animais. É aí que entra o zoológico, o BioParque, que seja, como possibilidade de casa”, conta Angelita Capobianco.

“Hoje, temos dois animais que, geneticamente, não são aparentados, porque cada um veio de um lugar, então aí converge o nosso papel de ‘casa’ para esses animais, com possibilidade de reprodução. Aí, abre-se uma porta para a conservação, se articularmos com projetos de campo para eventualmente fazer a soltura de filhotes”, explica a bióloga.

Detalhes da espécie

A lontra é uma espécie de mamífero da família dos mustelídeos (Mustelidae). Esses animais têm porte médio (cerca de 1,37 m de comprimento e pesam entre 5 a 12 kg), corpo em formato alongado, com pernas curtas e pelagem densa. Carnívoro, alimenta-se principalmente de peixes e crustáceos.

De um modo geral, as lontras têm hábitos tanto noturnos quanto diurnos e são solitários na fase adulta. “Mas, há a observação das mães com filhotes, então o que tem geralmente são grupos de mães com filhotes. Elas ficam fazendo um cuidado parental, mas, em geral, vão fazer a toca solitárias, vão caçar solitárias”, comenta a bióloga.

A reprodução das lontras ocorre ao longo do ano, principalmente nas estações consideradas secas e baixas. A gestação dura cerca de 56 dias e nascem entre um a cinco filhotes, em média.

Papel das lontrinhas no despertar sobre a conservação

A aparência ‘fofa’ é uma das características marcantes dessa espécie selvagem, o que não significa que sejam mansas. “Nós definimos as lontras como ‘fofinhas’. Conforme esses animais usam as patas dianteiras, as mãozinhas, porque não tem como não chamar assim, elas vão manipulando o alimento, o peixe inteiro, o que acabam sendo cenas bonitinhas mesmo”, diz Angelita.

É justamente pelo fato de os filhotes Eduardo e Mônica esbanjarem tanta fofura e simpatia, que os veterinários e biólogos do BioParque esperam despertar no público a importância da conservação da espécie.

“Eu penso que essa proximidade (proporcionada pelo BioParque), a possibilidade de ver essas coisinhas lindas de pertinho, gera emoções positivas, desperta empatia do humano com relação ao animal. A gente lembra que ali tem um serzinho que também tem suas necessidades. Elas gostam de brincar e brincam muito. E aí a gente consegue olhar para fora, para o que é uma floresta e pensar: ‘o bicho está ali’. Esse tipo de bichinho, essa coisa fofa mora ali. Isso é o que dá a possibilidade de despertar a ação de conservação em cada um. Esse cenário de empatia, para motivar ações de conservação ou posturas que sejam de conservação mesmo em cada pessoa”, finaliza a bióloga.

E você, quer essa duplinha irresistível de perto?

Serviço:

BioParque do Rio

Endereço: Parque da Quinta da Boa Vista s/n°, São Cristóvão.

Site: bioparquedorio.com.br

Compra de ingressos: ingressos.bioparquedorio.com.br