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Gato preto, suas lendas e mitos

Poucas crenças perduraram tanto como as que envolvem os gatos pretos. Fotos: Canvas.com

Quem tem gato preto tem sete anos de atraso. Gato preto é sinal de mau agouro ou atrai felicidade. Rei da Inglaterra no século 17, Charles I tinha um gato preto como amuleto. Se o felino de pelos cor de ébano é de casa, para ele convergem os malefícios. Mas se o bichano é estranho, está trazendo as desgraças alheias. Será?

Divindade, companheiro amável ou intruso detestado, a verdade é que não há animal que exerça maior desconfiança que o gato preto. Ele causou um profundo impacto na imaginação do homem desde o início dos tempos. Inspirou medo e, ao mesmo tempo, admiração. E também incorporou-se nas crenças religiosas, ideologias e tradições de antigas civilizações.

“A interpretação da forma felina na arte e na mitologia dos povos antigos sempre relacionou sua natureza à um dos predadores mais poderosos e enigmáticos da Terra. Muitos usavam amuletos como figuras de gatos para afastar os maus espíritos. Outros povos o consideravam animal sagrado e faziam-lhe oferendas”, diz o historiador Alfredo Junqueira.

As crenças relativas ao poder dos gatos pretos começaram na Idade Média, na Europa. De igual modo, esses felinos podiam ser considerados animais afetuosos e que serviam tanto para fazer companhia quanto para caçar ratos, uma bruxa transformada ou um símbolo de boa ou má sorte.

“A caça às bruxas que se desenvolveu no século 16 fez com que os gatos pretos fossem associados à feitiçaria e à magia. Muitas vezes esses felinos chegaram a ser identificados com os espíritos familiares das bruxas”, conta o historiador.

Mas por que a escolha do gato preto como ajudante das feiticeiras? “O povo comparava o comportamento natural do animal – doméstico, mas sem ser domesticado completamente -, com as atividades antissociais das mulheres de meia-idade suspeitas de bruxaria. Isso, claro, na mente dos seus acusadores”, explica Alfredo.

Superstições à parte, os que não temem gatos pretos garantem tratar-se de felinos muito especiais. “Nunca liguei para essa lenda de má sorte. Convivo com dois gatos pretos que são minhas paixões e, por sinal, me trazem muita sorte, inclusive no amor. Meus gatos serviram de ‘cupido’, pois ao adotá-los conheci meu namorado, que é veterinário, estava trabalhando como voluntário em uma feirinha de adoção de animais e foi quem me convenceu a levar essas fofuras para casa”, revela a dentista Talita Duarte.

Povos antigos pensavam que os inocentes bichanos pretos eram bruxas disfarçadas

COMPANHEIROS DAS BRUXAS

A histeria que o fenômeno da bruxaria provocou na história espalhou -se por toda a Europa nos séculos 16 e 17. O pensamento da época era reforçado com o fato de que ao contrário dos cães, os gatos não podem ser amestrados, valem por si próprios e atravessam constantemente a fronteira entre seu lar e o mundo exterior.

Na Europa do século 16 o clima social, religioso e cultural trouxe interpretações libertinas e sinistras que recaíam nas relações absolutamente inocentes que mulheres e felinos mantinham. Pensavam que os gatos eram bruxas disfarçadas ou a própria força do mal.

No início do século 17, a crença nas bruxas diminuiu e a atitude da sociedade com os gatos mudou significativamente. Passaram a ser vistos como metáforas da limpeza, já que se alisam e limpam os pelos constantemente.

Outros símbolos do Halloween são bastante conhecidos, como a abóbora, a aranha e o morcego

GATO PRETO E HALLOWEEN

Em muitos países do mundo, o Halloween – Dia das Bruxas – é comemorado em 31 de outubro. Nos Estados Unidos, a data marca o fim oficial do verão e o início do ano novo. Celebra-se também a última colheita do ano. O Halloween foi levado para os EUA em 1840, por imigrantes irlandeses que fugiam da fome pelo qual o país passava e a data passou a ser conhecida como Dia das Bruxas. E elas têm um papel importante no Halloween.

Segundo várias lendas, as bruxas se reuniam duas vezes por ano, durante as mudanças das estações: no dia 30 de abril e 31 de outubro. Elas chegavam em suas vassouras voadoras, podiam jogar feitiços em qualquer pessoa e se transformavam em gatos pretos. Acreditava-se também que os gatos eram os espíritos dos mortos. Além do gato preto, outros símbolos do Halloween são bastante conhecidos: a abóbora, o caldeirão, a vela, as moedas, a vassoura, a aranha, o morcego e o sapo.

No Brasil, a festa de Halloween equivale ao Dia de Todos os Santos e ao Dia de Finados.

CRENÇAS POSITIVAS EM VÁRIAS CULTURAS

Em várias culturas pelo mundo, o gato preto é um símbolo de boa sorte, felicidade e proteção. Confira a seguir como esses felinos especiais são considerados por muitos supersticiosos:

No Egito, gatos pretos se assemelham à deusa Bastet

Egito

De 3100 a.C. até 390 d.C, todos os felinos eram considerados sagrados e adorados. Os gatos pretos muitas vezes se assemelham à antiga deusa egípcia Bastet (deusa da fertilidade, da reprodução, da música, da dança e do amor).

França

Se tratado com respeito, o gato preto – conhecido como matagot (um espírito em forma do animal) – recompensará a pessoa com riqueza e boa sorte.

Reino Unido

Acredita-se que se um gato preto se aproximar de você, isso traz boa sorte. Porém, se o felino se afastar de você, ele levará a sorte com ele…

Irlanda

Há quem acredite que o “gato preto da sorte” traz riqueza e felicidade para aqueles que o encontram.

No Japão, o maneki neko é um talismã popular

Japão

No Japão, acredita-se que os maneki nekos (estatuetas de porcelana conhecidas como Gato da Sorte ou Gato do Dinheiro) proporcionam segurança e fortuna ao seu dono, afastando o mal e atraindo prosperidade. São talismãs muito populares entre os japoneses e muito usados como elementos decorativos nos lares e lojas. São encontrados, principalmente, nas cores branco (representando a pureza) e preto (boa sorte e proteção contra os maus espíritos).

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