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Lagartixa: o pequeno réptil do lar

A lagartixa-doméstica-tropical habita os lares e se alimenta de pragas urbanas, como mosquitos. Foto: Wikimedia Commons

Até quem não tem bicho de estimação em casa, tem essa simpática criatura morando em algum cantinho do seu lar: a lagartixa. Sempre grudada em alguma parede ou no teto, graças a estruturas microscópicas em forma de ganchos em suas patas, a lagartixa-doméstica-tropical (Hemidactylus mabouia) é um pequeno réptil que mais lembra um mini dragão dos tempos dos dinossauros.

Mas, apesar de completamente inofensiva, há quem se assuste com uma lagartixa e a queira bem longe de casa. E lá de vassoura para cima da bichinha. No entanto, saiba que esse mini lagarto deveria ser sempre bem-vindo em qualquer residência, principalmente, se houver insetos rondando. Sabe os mosquitos que tanto nos atormentam, principalmente no calor? Pois esses são seus banquetes preferidos.

“As lagartixas têm um papel fundamental no meio ambiente, pois se alimentam de pragas domésticas, insetos que são até chatos em nosso cotidiano, como mosquitos, baratas, cupins e também outros insetos que são atraídos pela luz de casa”, conta o veterinário André Mello, da Clínica Veterinária Estética Canina Vet Center e responsável pela seção Fale com o Vet no portal Meus Bichos.

Se por um lado há quem se assuste com lagartixas, há também quem nutra tanta simpatia por essa pequena criatura, que até a trata como mascote.

Centenas de estruturas adesivas nas pontas dos dedos permitem que as lagartixas se fixem em paredes e substratos lisos, como vidros. Foto: Pixabay

 “Quando criança, eu cheguei a criar uma lagartixa numa caixinha cheia de furos e até a alimentava com grãos de arroz. Já tive lagartixa que também morava atrás de uma geladeira e até teve cria. Por um bom tempo, ela e seu filhote ficaram por lá. Sempre me admirou a aparência pré-histórica das lagartixas. Tenho um filho de 6 anos que ama animais e ele já sabe que não devemos fazer mal às lagartixas. Elas podem aparecer em casa à vontade, que estarão sempre em paz. E afinal de contas, são animais úteis. Mosquitos nunca tiveram vez na minha casa”, lembra a comerciante Roberta Barreto, 33 anos.

Cauda se regenera

Outro fato curioso é que as lagartixas desprendem a cauda, que depois de um tempo se regenera.  

“É uma característica natural dela e de outros lagartos como iguana, que soltam a cauda para distrair a presa e fugir. Ela faz isso quando se vê acuada, se depara com algum predador, como galinhas e outras aves. Ela foge e deixa a cauda para enganar o predador e, com o tempo, ela se regenera”, explica o veterinário.

FICHA TÉCNICA

Nome científico: Hemidactylus mabouia.

Distribuição: Considerada uma espécie exótica de origem africana, tem como distribuição geográfica a África, América do Sul, América Central e América do Norte. No Brasil, dependendo da região, ela também pode ser conhecida como briba, víbora, lapixa, crocodilinho de parede, lambioia, taruíra, labigó, tiquiri e osga.

Alimentação: Réptil insetívoro, possui uma grande importância como agente ecológico. Se alimenta de pequenos insetos como mosquitos, lagartas, formigas, moscas, baratas, grilos, percevejos e besouros, entre outras pragas domésticas que habitam as casas.

Características: Lagarto de pequenas dimensões, possui em média comprimento de 6,79 cm (da ponta do focinho até a abertura cloacal) e seu peso é entre 4,6 e 5 g. O corpo é robusto, curto, sem escamas e coberto dorsalmente por uma pele úmida e com pequenas protuberâncias (de origem glandular), as quais podem secretar um líquido viscoso. A coloração base varia entre branco acinzentado e marrom claro, muitas vezes quase transparentes.

Lagartixa comendo uma aranha. Foto: Reprodução/Zoo.Bio.br

Habitat: É extremamente comum em áreas urbanas e vive geralmente dentro de casas, porém, também pode ocorrer em ambientes naturais não antrópicos (sem interferência humana), como a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, incluindo as restingas, o cerrado, a caatinga e algumas ilhas da costa brasileira. Seus habitats incluem áreas arenosas, áreas de mata perto de praias, troncos de árvores e as paredes externas de casas.

Reprodução: Esses animais apresentam como estratégia reprodutiva a poliginandria, que consiste na existência de uma relação exclusiva de dois ou mais machos com duas ou mais fêmeas, onde geralmente os machos estão em menor número. Os filhotes das lagartixas tropical têm peso ao nascer de 0,20-0,35 g. Demora de 6 a 12 meses para ambos os sexos atingirem a maturidade sexual, sendo a maturidade baseada no tamanho e não na idade dos indivíduos. As fêmeas colocam de um a dois ovos por gestação, os quais possuem tamanho médio de 1 cm.

Curiosidades: Não é um animal venenoso e possui alta capacidade para escalar superfícies. Essa peculiaridade é devido a presença de “adesivos” nas pontas dos dedos. Além das garras utilizadas para escalar superfícies, as lagartixas também possuem lamelas na parte ventral destes dedos, onde estão presentes centenas de estruturas adesivas menores ainda, que permitem que elas se fixem em substratos lisos como vidros, por exemplo. Dessa forma, quando a lagartixa escala uma superfície, essas estruturas se abrem gerando aderência, por isso é muito comum encontrar esses animais nos tetos e paredes. Essa aderência pode ser explicada por forças intermoleculares, chamadas na física de ligações de Van Der Waals.

Esses animais não possuem pálpebras, apenas uma membrana, e hidratam seus olhos com o auxílio da língua.

Lagartixas são répteis, portanto são animais ectotérmicos, ou seja, que utilizam fontes externas de calor para aquecer seus corpos e desempenhar suas funções fisiológicas.