A abelha de resina gigante (Megachile sculpturalis), também chamada de abelha de resina esculpida, invade a Europa. A espécie é a primeira abelha exótica documentada no continente. Em 2018 foi detectada pela primeira vez na Península Ibérica.
Um estudo científico com a participação do CREAF e da UAB alerta que, desde que foi detectada, a abelha colonizou grande parte dos países da Europa central em um ritmo vertiginoso e seus registros se multiplicaram por dez nos últimos anos.
No entanto, o estudo mostra que o processo de invasão na Europa está apenas começando, uma vez que a M. esculturalis colonizou apenas uma pequena parte (25%) do território potencial que é capaz de invadir se forem consideradas as suas características. Por exemplo, dentro da Península Ibérica, a sua presença concentra-se na costa leste, embora se preveja que chegue em breve às regiões da costa cantábrica.
O estudo, liderado pela Universidade de Recursos Naturais e Ciências da Vida de Viena (BOKU), verificou que esta espécie se expande por estradas, se refugia nas cidades e que as alterações climáticas não afetam a sua expansão, apenas a sua distribuição na Europa.
A abelha de resina gigante é nativa do leste da Ásia e, como a maioria das espécies de abelhas (existem cerca de 2.000 só na Europa), é solitária: todas as fêmeas se reproduzem e encontram seu próprio ninho. No caso da M. sculpturalis, as fêmeas fazem seus ninhos em buracos que encontram ou fazem em troncos de árvores, vivas e mortas. Apesar de seu grande porte, que pode passar de 2 centímetros de comprimento, não é agressiva.
Expansão urbana da espécie
Por outro lado, fica claro que os fatores mais importantes que explicam a expansão da abelha de resina gigante têm a ver com os humanos. Além do clima, que deve ser semelhante ao da região de origem, essa abelha invasora utiliza portos, vias de comunicação e cidades densamente povoadas para se expandir e se reproduzir.
A abelha de resina gigante chegou à Europa, muito provavelmente, por via marítima de cargas de madeira (com alguns ninhos no interior) e uma vez em terra as estradas serviram para dispersar a espécie. Os registros de ocorrências da M. sculpturalis concentram-se em áreas urbanas, onde é capaz de utilizar construções humanas para nidificação (por exemplo, buracos de tijolos) e extrair pólen, praticamente exclusivamente, de algumas árvores ornamentais exóticas.
Por fim, parece que o aquecimento global não vai favorecer a potencial área de invasão da espécie na Europa, mas poderá modificar a sua distribuição: prevê-se uma menor presença nas regiões mediterrâneas e uma maior presença no centro e norte da Europa (por exemplo, nas Ilhas Britânicas).
Invasões biológicas
O estudo científico mostra que a globalização é decisiva no processo de invasões biológicas, que são uma das principais causas da perda de biodiversidade no mundo.
Embora os danos ecológicos e humanos que a abelha de resina gigante pode causar sejam limitados, é necessário monitorar a espécie para gerar mais conhecimento científico e avaliar corretamente seu status de espécie exótica invasora. Nesse sentido, as bases de dados da ciência cidadã foram cruciais para o desenvolvimento deste estudo.
Fonte: Econotícias