O lobo-ibérico (Canis lupus) passou a fazer parte, desde a última terça-feira, da Lista de Espécies Silvestres em Regime de Proteção Especial em todo o território da Espanha.
O anúncio foi feito pelo gabinete da ministra para a Transição Ecológica, Teresa Ribera Rodríguez. Até agora, a caça ao lobo-ibérico era permitida no país a norte do Douro, onde este predador de topo era considerado em situação favorável em termos de conservação e tinha o estatuto de espécie cinegética. Esta diferença de níveis de proteção era justificada com o aumento das populações na Galiza, Astúrias e Castela e Leão, pelo que, segundo essas comunidades autônomas espanholas, tornava necessário controlar o seu crescimento.
Já a sul do Douro, as populações de lobo-ibérico (Serra Morena, Serra da Gata e San Pedro) são muito menores e já estavam classificadas como ameaçadas, tal como passa agora a suceder com as alcateias a norte.
“A inclusão do conjunto de populações de lobo na Lista de Espécies Silvestres em Regime de Proteção Especial responde à importância da espécie como património cultural, científico, assim como pelos serviços ambientais que produz a presença deste carnívoro nos ecossistemas”, justifica o gabinete da ministra, que lembra que a decisão recebeu, em 4 de fevereiro deste ano, apoio formal da Comissão Estatal espanhola para o Património Natural e Biodiversidade.
A alteração de estratégia tem também como base uma avaliação realizada pelo Comité Científico em 2020. Esse documento entende que “a estagnação da população de lobo-ibérico observada nos últimos anos e o congelamento da sua área de distribuição – apesar da existência de habitats adequados para a sua expansão mais além no Noroeste Peninsular – foi resultado da elevada taxa de mortalidade não natural enfrentada pela espécie”.
Novo censo nacional
Estima-se que na Espanha vivam entre 2.000 e 2.500 lobos-ibéricos. O último censo, realizado entre 2012 e 2014, concluiu que existiam 297 alcateias.
As metas do governo apontam para um total de 350 alcateias em território espanhol em 2030, para que seja garantida a conservação da espécie a longo prazo. Está previsto também o aumento da área de distribuição entre 10 e 20%, na próxima década, e a redução da perseguição ilegal a espécie.
Em Portugal, o mais recente censo nacional ao lobo-ibérico, de 2002/2003, identificou 63 alcateias (51 confirmadas e 12 prováveis) no Norte e Centro do país. A população foi, então, estimada entre 220 e 430 animais. Mais tarde, estudos compilados entre 2003 e 2014 deram conta da existência de 47 alcateias (41 confirmadas e seis prováveis).
Há 28 anos que o lobo-ibérico é uma espécie protegida em Portugal. Em 2005 foi classificado com o estatuto de Em Perigo (no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal).
Fonte: Wilder