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Cerca de 20 a 30% das espécies de animais e plantas estarão ameaçadas pelo aumento da temperatura média global

Se a temperatura do planeta continuar a aumentar, as tartarugas poderão deixar de existir. Foto: Pixabay

O aquecimento global apresenta desafios a espécies que dependem da temperatura para a determinação do sexo, como é o caso das tartarugas marinhas. Se a temperatura do planeta continuar a aumentar as tartarugas poderão deixar de existir, pois a elevada temperatura proporciona a produção de fêmeas (ocasionando a feminização da espécie), ou então, com a incubação em areias muito quentes os ovos podem-se tornar inviáveis.

Segundo um estudo publicado em 2018 na revista “Current Biology”, para que nasça um número exato de tartarugas fêmeas e machos, os cientistas explicam que a temperatura deverá ser de 29º C, aproximadamente. Encontrando-se abaixo disso, o mais provável é que nasçam tartarugas do sexo masculino. Quando a temperatura ultrapassa os 30º C, a hipótese de nascerem tartarugas fêmeas é elevada.

Quando a temperatura do planeta aumenta, consequentemente aumenta a temperatura do ar, da água do mar e da areia. Em um estudo realizado em 2014 nas ilhas de Cabo Verde, no Atlântico, com estimativas de dados entre 1854 a 2013, alguns investigadores estimaram que praias com areia de cor diferente influenciam na determinação do sexo.

Praias com areia clara produziram 56% de fêmeas, enquanto as praias com areias escuras produziram 88%. Porém, quando as projeções futuras foram realizadas para um período entre 2013 e 2100, os resultados obtidos excederam os 95% de produção de fêmeas nas diferentes praias.

O aquecimento global deveria ser benéfico para as tartarugas marinhas, pois a partir do momento que se tem mais fêmeas, o número de ninhos consequentemente aumenta, o que elevaria a taxa natural de crescimento populacional. Contudo, isso só seria viável se houvesse machos suficientes para o acasalamento e fertilização de todas as fêmeas, assim como espaço suficiente nas praias para a construção dos ninhos.

Para além da temperatura, a subida do nível das águas do mar é também uma forte preocupação visto que as águas do mar poderão vir a inundar as praias, levando á destruição dos ninhos, diminuindo a sua área de reprodução.

Assim, é notório que estes animais não se estão adaptando às alterações climáticas como populações em outras geografias, resultando no nascimento de cada vez menos machos e pondo em risco a sua sobrevivência.

Engenheiras do ecossistema

Depois de mais de 100 milhões de anos de sobrevivência e evolução, as tartarugas marinhas continuam a desempenhar um papel importante ecológico em vários ambientes, desde as áreas costeiras a grandes profundidades oceânicas (as chamadas regiões abissais).

As tartarugas marinhas são muito importantes no ecossistema marinho, pois são animais migratórios, sendo responsáveis pela transferência de energia entre os ambientes marinhos e terrestre; são consumidores de organismos marinhos e também servem de presa para diversos animais; servem de substrato para outras espécies (carregando no casco cracas e moluscos).

São consideradas verdadeiras engenheiras do ecossistema, devido à sua influência e ação sobre os recifes de coral, bancos de algas marinhas e substratos arenosos do fundo oceânico.

Dada a sua importância no ecossistema marinho, torna-se necessária a proteção desses animais através de rápidas implementações de conservação, para assim garantir a sobrevivência desses animais e manter o equilíbrio do ambiente marinho.

Fonte: Tempo.pt