Search

Anuncie

(21) 98462-3212

Cidadãos-cientistas são cruciais para conservação mundial das joaninhas, alerta novo estudo

A família de joaninhas (Coccinellidae) inclui mais de 6.000 espécies em todo o mundo. Foto: Canvas

Um artigo científico sobre o estado global das joaninhas, publicado na revista Conservation Biology, revela as ameaças que enfrentam e apresenta um roteiro para a sua conservação.

A família de joaninhas (Coccinellidae) inclui mais de 6.000 espécies em todo o mundo, com 101 espécies encontradas em Portugal (83 no Continente, 39 na Madeira e 32 nos Açores). As joaninhas, enquanto agentes de controle de pragas, são essenciais seja na agricultura ou nos espaços verdes.

No entanto estão em declínio por todo o mundo. Um entrave à sua conservação é a falta de informação sobre aspectos da ecologia de muitas das espécies desta família.

Os autores do artigo (leia aqui), onde participaram duas pesquisadoras do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), em Portugal, alertam para a importância da ciência-cidadã para incentivar mais pessoas a registrar joaninhas em todo o mundo.

Alertam ainda para a necessidade de conservação para proteger os habitats, em particular os locais de hibernação, dos quais as joaninhas dependem para sobreviver às condições adversas no inverno.

A análise foi desenvolvida por um grupo internacional de especialistas, incluindo duas pesquisadoras do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, da Universidade dos Açores, da Universidade de Ghent, bem como todos os membros do Grupo de Especialistas em Joaninhas da Comissão de Sobrevivência de Espécies da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês).

O estudo identifica lacunas no conhecimento, nomeadamente quanto à forma como as joaninhas estão respondendo às alterações ambientais que afetam a biodiversidade global, sugerindo ações concretas para proteger as joaninhas bem como, outros insetos.

A equipe, representada por 22 entidades, estabeleceu um roteiro com ações de curto, médio e longo prazo que são necessárias para a conservação e recuperação das joaninhas. Essas ações incluem o envolvimento de cientistas-cidadãos para o recolhimento de dados e observações, programas de educação e esforços de conservação.

Incluem ainda e melhoria das paisagens agrícolas criando habitats favoráveis aos insetos, programas de educação para atingir diferentes públicos e a introdução de machine learning para apoiar a monitorização de longo prazo, por exemplo, através da utilização de câmeras acopladas a software de deep learning para a monitorização de insetos.

António Onofre Soares, autor principal e pesquisador da Universidade dos Açores, salientou, em comunicado, que “este artigo reúne uma comunidade global para considerar o estado das joaninhas e como elas se encaixam no panorama geral dos insetos em todo o mundo” e espera “que o resultado seja que as joaninhas se tornem uma parte maior da agenda de conservação, destacando as áreas onde há necessidade de dados e o que pode ser feito em termos de ações tangíveis.”

Danny Haelewaters, também autor principal e pesquisador da Universidade de Ghent, referiu que “as joaninhas desempenham muitas funções dentro dos nossos ecossistemas, mas atualmente sofrem com a falta de investigação colaborativa global. Juntamente com os ecólogos, a comunidade de conservação de joaninhas ainda aguarda as primeiras avaliações da Lista Vermelha para ajudar a informar as estratégias de conservação”.

“Espero que possamos entusiasmar mais pesquisadores a se envolverem no estudo das joaninhas e na avaliação das ameaças ecológicas que afetam a sua diversidade e abundância.”

As pesquisadoras Olga Ameixa e Ana Lillebø destacam o papel fundamental das joaninhas para inúmeros serviços dos ecossistemas para além do serviço mais conhecido – o controle biológico. As pesquisadoras mencionam que “as joaninhas, para além do seu papel carismático que pode fazer delas embaixadoras de iniciativas de conservação, desempenham diversos serviços dos ecossistemas em várias categorias.”

Fonte: Wilder