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Uma pesquisa alarmante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela que a expansão urbana está causando um impacto genético preocupante em diversas espécies de anfíbios que habitam a Mata Atlântica. O estudo demonstra que a fragmentação das florestas isola as populações, levando a problemas de reprodução e reduzindo sua capacidade de adaptação.
No coração da pesquisa:
Cientistas do Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva da UFRJ mergulharam no universo genético dos anfíbios da Mata Atlântica para entender como a crescente urbanização ao redor desse importante bioma está afetando esses animais. A Mata Atlântica, conhecida por sua rica biodiversidade, sofre com a perda contínua de habitat, e as consequências para as espécies que ali vivem são vastas e complexas.
Ilhas de verde, prisão genética:
A pesquisa revelou que a fragmentação das áreas florestais cria verdadeiras “ilhas” de vegetação isoladas umas das outras. Para os anfíbios, que muitas vezes têm uma mobilidade limitada, essa separação impede o fluxo gênico entre diferentes grupos. Isso significa que indivíduos de populações isoladas acabam se reproduzindo entre si com mais frequência (endogamia), o que pode levar a:
- Redução da diversidade genética: Menos variedade genética torna as populações mais vulneráveis a doenças, mudanças ambientais e outros estresses.
- Acúmulo de genes deletérios: A endogamia aumenta a chance de genes prejudiciais se manifestarem, afetando a saúde e a sobrevivência dos indivíduos.
- Menor capacidade de adaptação: Uma população com baixa diversidade genética tem menos “ferramentas” genéticas para se adaptar a novas condições, como as mudanças climáticas.
A voz dos cientistas:
“Nossos resultados demonstram claramente que a fragmentação do habitat imposta pela urbanização não é apenas uma questão de perda de espaço físico para esses animais,” explicam os pesquisadores da UFRJ em sua publicação. “Ela tem um impacto direto e profundo na sua saúde genética, comprometendo sua viabilidade a longo prazo.”
Um sinal de alerta para a conservação:
Este estudo da UFRJ serve como um importante alerta para a necessidade de repensarmos a forma como as cidades se expandem e interagem com os ecossistemas naturais. A criação de corredores ecológicos que conectem fragmentos florestais e a implementação de políticas de planejamento urbano mais sensíveis à biodiversidade são cruciais para mitigar esses impactos genéticos e garantir a sobrevivência das diversas espécies que dependem da Mata Atlântica.
Fonte: Pesquisa publicada pelo Laboratório de Genética Ecológica e Evolutiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em periódico científico (março de 2025).