Os cientistas injetaram dezenas de células-tronco humanas em embriões de macacos que ainda estão em desenvolvimento. Os híbridos resultantes permaneceram vivos por até 20 dias em placas de laboratório, de acordo com a “Live Science”. Esses embriões de macaco-humano podem um dia se tornar modelos úteis para envelhecimento, desenvolvimento embrionário e doenças humanas, observaram os autores do estudo em um relatório publicado em 15 de abril na revista “Cell”.
Ao ampliar a interação das células animais e humanas nos embriões, os especialistas também poderiam obter conhecimento sobre como ajudar as células humanas a sobreviverem dentro das células animais, potencializando a tentativa de cultivar órgãos humanos em modelos de animais vivos.
Esses estudos ofereceriam uma janela para a biologia humana que, de outra forma, precisaria de testes em humanos, tornando esses estudos atualmente impraticáveis.
Certamente, o desenvolvimento de quimeras humano-animal (organismos que possuem células de duas ou mais espécies) – traz à tona sua própria preocupação ética, principalmente no que diz respeito a quanto tempo esses embriões devem ser deixados para crescer.
A revista “Science” relatou que, no passado, cientistas fizeram esforços para incorporar células-tronco de humanos em embriões de ovelhas e porcos, com o objetivo final de cultivar órgãos de humanos no gado para uso em cirurgias de transplante. Mas apenas muito poucas células humanas sobreviveram aos experimentos.
Embriões de macaco humano
O autor sênior Juan Carlos Izpisúa Belmonte, professor do Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, Califórnia, disse ao “Live Science” que a baixa taxa de sobrevivência pode ser porque porcos e ovelhas não estão intimamente relacionados aos humanos, falando evolutivamente.
“Por exemplo, humanos e porcos estão se desunindo há 90 milhões de anos, quando pela última vez compartilharam o mesmo ancestral”, contou.
Como os especialistas usaram macacos no novo estudo, “a distância evolutiva não é grande, e isso pode ser responsável pela maior eficiência relativa da integração das células-tronco humanas na quimera”, disse o cientista.
“Novas informações coletadas de embriões de macaco humano podem dar dicas sobre como fazer crescer células humanas melhor em animais que são parentes distantes”, destacou Izpisúa Belmonte.
Um biólogo de células-tronco da Escola de Medicina da Universidade de Yale, Alejandro De Los Angeles, que não participou do estudo, disse que embora essa linha de pesquisa possa levar a avanços alegres na ciência médica, há questões éticas a serem abordadas.
Para fazer os embriões de macaco humano, os cientistas primeiro coletaram oócitos (um precursor para desenvolver células-ovo) de macacos Cynomolgus (Macaca fascicularis), cultivaram as células em cultura e, em seguida, injetaram esperma de macaco para ajudar na fertilização.
As células fertilizadas depois de seis dias, dividiram-se em células adicionais e depois se reuniram em esferas ocas, chamadas blastocistos ; em uma gravidez normal, um blastocisto seria implantado no útero e, mais tarde, daria origem a um embrião maduro.
Fonte: Natural World News