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Cientistas descobrem três tubarões que brilham no escuro

Padrões luminescentes de Dalatias licha. Foto: Jérôme Mallefet/UC Louvain

O tubarão-pipa é uma criatura aquática do tamanho de um violão, com pele marrom-escura e olhos grandes e abertos. Mas há algo mais neste tubarão do que inicialmente aparenta: no escuro, ele emitirá um brilho azul.

Em uma viagem de 2020 perto de Chatham Rise, na costa leste da Nova Zelândia, uma equipe de cientistas internacionais descobriu que o tubarão- pipa (Dalatias licha) e duas outras espécies de tubarão do fundo do mar, o tubarão-lanterna-barriga-preta (Etmopterus lucifer) e o tubarão-lanterna- do-sul (Etmopterus granulosus), todos têm propriedades bioluminescentes.

“Temos algo como 540 espécies de tubarões no oceano [e] existem 57 delas capazes de produzir luz – então são mais de 10% dos tubarões. Mas as pessoas sabem que eles são capazes de produzir luz? Não, não muito”, disse o biólogo marinho Jérôme Mallefet, coautor do estudo e chefe do laboratório de biologia marinha daUniversidade Católica de Louvain (UCLouvain).

Espécies bioluminescentes

Existem inúmeras outras espécies que são bioluminescentes – de águas-vivas a lulas e algas -, mas o tubarão kitefin, ou seja, com barbatana de pipa, é o maior vertebrado conhecido a produzir bioluminescência, de acordo com o estudo.

As três espécies de tubarão habitam a zona mesopelágica do oceano, também conhecida como zona crepuscular, que varia de 200 a 1000 metros de profundidade. Apenas a menor quantidade de luz solar pode atingir essa região, criando um brilho azul escuro.

Padrão luminescente lateral de Dalatias licha. Foto: Jérôme Mallefet/UC Louvain

A maioria dos organismos marinhos que produzem bioluminescência contém produtos químicos especiais, incluindo um composto chamado luciferina, que interage com o oxigênio para produzir luz. Mas esses três tubarões não parecem conter as mesmas propriedades químicas, então sua capacidade de emitir luz “permanece enigmática”, dizem os pesquisadores.

“No momento, nossa conclusão é que talvez os tubarões tenham um novo componente desconhecido. Mas não sabemos”, contou Mallefet.

Embora ainda haja muito a aprender sobre esses tubarões do fundo do mar, os pesquisadores sugerem que a capacidade de emitir bioluminescência pode ser usada para encontrar comida, atrair parceiros ou se camuflar na fraca luz azul de seu ambiente.

“Eu tendo a dizer que eles são os usuários de luz do MacGyver, porque eles usam a bioluminescência de muitas maneiras diferentes”, disse Mallefet.

Ele destacou que espera continuar seu trabalho com tubarões bioluminescentes, bem como outras espécies, assim que puder viajar com segurança novamente. “Muitas pessoas dizem que o fundo do mar é menos conhecido do que a superfície da lua. Esperamos, ao destacar algo novo no fundo do mar da Nova Zelândia – tubarões brilhantes -, que talvez as pessoas comecem a pensar que devemos proteger este meio ambiente antes de destruí-lo”, observou.

“Espero que a nova geração leve essa mensagem. E estou mais do que feliz em [adicionar] minha pequena peça do quebra-cabeça a um grande programa para proteger o oceano”, acrescentou o pesquisador.

Fonte: Mongabay.com