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Cientistas mudam sexo de animais ainda no embrião para evitar sofrimento desnecessário

Tecnologia evitaria também o massacre de milhões de frangos, dizem cientistas.
Foto: Pixabay

Uma tecnologia de manipulação de embriões desenvolvida por cientistas britânicos permite decidir o sexo das crias antes do nascimento. Anunciada na revista acadêmica “Nature Communications”, a técnica desativa um gene envolvido no desenvolvimento embrionário, em uma fase muito precoce da evolução da vida.

A técnica, que o Governo do Reino Unido admite autorizar para ser usada na indústria pecuária, pode evitar a destruição de milhares de ratos de laboratório indesejados. Os pesquisadores ainda afirmam que esta tecnologia evitaria também o massacre de milhões de frangos, erradicados ao nascer porque não põem ovos.

A aplicação comercial desta tecnologia poderia ter “um impacto alargado” no bem-estar animal, defende Peter Ellis, da Universidade de Kent. “Entre quatro a seis milhões de frangos são mortos todos os anos no mundo. Em princípio, poderíamos criar um sistema em que os ovos simplesmente não eclodissem, em vez de termos de matar os frangos à nascença quando já têm sistema nervoso e são potencialmente capazes de sofrer”, explicou em entrevista ao site da televisão estatal britânica BBC.

Em uma primeira fase, a técnica poderia reduzir o total de ratos de laboratório mortos à nascença, porque não têm o gênero necessário a determinada pesquisa científica. James Turner, do Instituto Francis Crick, em Londres, identificou cerca de 25 mil estudos que requerem ratos de laboratório, ora machos ora fêmeas. “O número varia, consoante os casos, mas esta técnica poderia ter um impacto valioso e imediato nos laboratórios científicos”, disse, também à BBC.

O argumento de poupar vidas e sofrimento aos animais amaciou as dúvidas sobre a manipulação genética. “Apoiamos o uso desta técnica para promover o bem-estar animal, como por exemplo, para garantir que os aviários apenas criem galinhas, evitando a morte de milhares de galos”, disse Peter Stevenson, consultor de defesa animal.

A Sociedade Real para a Prevenção da Crueldade Animal (RSPCA, na sigla original) é mais reservada e sublinha que esta tecnologia tem de respeitar “uma regulação robusta” para poder ser posta em prática. “Isto é particularmente relevante quando muitos dos alardeados benefícios para melhorar o bem-estar animal apontam para problemas criados por nós”, argumentou Barney Reed, da RSPCA.

A aplicação prática da tecnologia de manipulação genética, contando que se prove viável, ainda está a muitos anos no horizonte futuro. No entanto, cientistas como Peter Ellis concordam com os defensores dos animais. “Teria de ser algo muito bem legislado e amplamente discutido pela sociedade”, reconheceu.

Fonte: JN.pt