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Clima, rios e montanhas explicam diversificação da salamandra-de-pintas-amarelas

A salamandra-de-fogo, também chamada salamandra-comum ou salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) é uma espécie de anfíbio caudado pertencente à família Salamandridae. Foto: Pixabay

A salamandra-de-pintas-amarelas (Salamandra salamandra) – também chamada salamandra-de-fogo ou salamandra-comum – tem uma ampla distribuição por toda a Europa. Mas as populações ibéricas são as que têm uma maior diversidade de padrões de coloração, tamanhos e formas de reprodução.

Um estudo publicado na revista “Molecular Phylogenetics and Evolution”, no qual participaram pesquisadores do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid (MNCN-CSIC), revela que esta espécie terá tido origem na Península Ibérica, dando lugar a linhagens distintas devido ao efeito de fatores climáticos e topográficos. A Península Ibérica ocupa o sudoeste da Europa e ali estão a Espanha, Portugal, o principado de Andorra e Gibraltar, um território ultramarino do Reino Unido.

Uma dessas linhagens, correspondente à subespécie Salamandra salamandra almanzoris, apenas se encontra nas zonas altas das montanhas do Sistema Central, mais concretamente nas Serras de Gredos e Guadarrama, na Espanha.

Mas como se originou e diferenciou essa linhagem? Uma equipe internacional de investigadores publicou um artigo na revista “Heredity” que dá algumas pistas.

“As populações de salamandras estão separadas por barreiras naturais e artificiais. Isso faz com que, ao longo do tempo, as populações acumulem diferenças genéticas que dão lugar ao aparecimento de variedades diferentes ou, até mesmo, de espécies”, explica David Buckley, pesquisador da Universidade Autónoma de Madrid que participou de um dos estudos.

“Entre essas barreiras naturais estão as topográficas, como os rios e as montanhas, e as climáticas, como as diferenças de temperatura e umidade entre regiões”, acrescentou.

“No Sistema Central encontramos dois grupos historicamente bem diferenciados de salamandras-de-pintas-amarelas que são, além disso, endemismos ibéricos, ou seja, que apenas se encontram na Península Ibérica. São as subespécies Salamandra salamandra almanzoris, localizada em áreas de alta montanha, e a Salamandra salamandra bejarae, de zonas médias e baixas”, disse Íñigo Martínez Solano, investigador do MNCN que participou nas duas pesquisas.

“No estudo publicado na revista “Heredity” analisamos a conectividade entre as populações de ambas as subespécies e o efeito de fatores como a distância geográfica, a topografia ou o clima nas diferenças genéticas observadas entre elas”, detalha Martínez-Solano.

Os resultados mostram que “os fatores climáticos e os topográficos estarão a atuar de forma conjunta na diferenciação genética das populações e que aspectos climáticos como a variação dos padrões de precipitação são determinantes neste processo”, conclui o investigador do MNCN.

Segundo os pesquisadores, estes resultados são de grande importância para a conservação da salamandra-de-pintas-amarelas nas serras do Sistema Central (cordilheira situada no centro da Península Ibérica), onde as suas populações estão gravemente fragmentadas. É necessário, defendem ainda, tratar as populações isoladas geograficamente como unidades de gestão independentes.

Fonte: Wilder.pt