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Durante a abertura da Conferência dos Oceanos, que começou nesta segunda-feira em Lisboa e segue até o dia 1° de julho, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, apresentou quatro medidas que pretende que sejam apoiadas pelos Estados.
Guterres, que discursou na abertura do evento, realçou que “tomamos o oceano como garantido”, mas hoje o mundo enfrenta uma “emergência oceânica” e é necessário agir e mudar a situação. O encontro promovido pela ONU reúne mais de 7.000 participantes de 142 países.
“A nossa falha em cuidar do oceano vai ter efeitos em cascata sobre toda a Agenda 2030”, alertou o secretário-geral da ONU, lembrando que “o oceano produz mais de metade do oxigénio que respiramos” e que é “a principal fonte de sustento de milhões de pessoas”.
Guterres apelou a quatro medidas que deseja que recebam apoio dos Estados:
Todas as partes interessadas devem investir numa economia sustentável do oceano, assegurando financiamento a longo prazo no que diz respeito à alimentação, energias renováveis e subsistência. Se assim fosse, haveria seis vezes mais comida e 40 vezes mais energia renovável com origem no oceano;
O oceano deve tornar-se um modelo para a forma como gerimos o patrimônio comum do planeta, o que significa eliminar todos os tipos de poluição;
Proteger os oceanos e as populações que deles dependem dos efeitos das alterações climáticas;
Proteger todas as comunidades ligadas ao oceano através de um sistema de aviso precoce (‘early warning’) quanto a eventos climáticos externos, como ondas de calor.
O secretário-geral lembrou que “o aquecimento global está elevando a temperatura do mar a níveis recorde”, dando origem a “tempestades mais assustadoras e frequentes”, enquanto que “o nível do mar está subindo”, o que coloca várias nações e cidades costeiras do mundo “sob perigo de serem inundadas”.
Mas não é só. “A crise climática também está tornando mais ácida a água do oceano, o que está desregulando a cadeia alimentar” e, por outro lado, “cada vez mais corais estão sendo dissolvidos e morrendo”.
Guterres acrescentou que “cerca de oito milhões de toneladas de plástico entram no oceano todos os anos”. “Se não fizermos nada, em 2050 o plástico no oceano terá um peso maior do que os peixes”, sublinhou o secretário-geral.
Guterres lembrou que esses lixos já chegaram a todos os locais do oceano, incluindo os mais recônditos, e que afetam fortemente as comunidades que dependem da pesca e do turismo. “Uma massa de plástico no Pacífico está agora maior do que a França”, exemplificou, alertando ainda para o problema das técnicas de pesca insustentáveis e da sobrepesca.
Ainda assim, destacou o responsável da ONU, nos últimos cinco anos têm sido dados vários passos positivos, incluindo a realização de “parcerias internacionais para a criação de áreas marinhas protegidas”, com a recuperação das pescas em locais onde foram tomadas essas medidas de gestão.
Foram também dados “passos significativos” na criação de instrumentos legais relativos à conservação e uso sustentável da diversidade biológica marinha, complementou Guterres, lembrando ainda a adoção de novas medidas relativas ao combate contra os plásticos e proibição de subsídios à pesca insustentável que está ganhando forma na Organização Mundial do Comércio.