A análise molecular de anelídeos marinhos do Nordeste Atlântico revelou que o que era previamente considerada uma só espécie são afinal nove diferentes com a mesma aparência morfológica.
A descoberta, realizada por uma equipe de pesquisadores das universidades de Aveiro e do Minho, em Portugal, deu origem à descrição de cinco espécies novas para a Ciência.
Os anelídeos são animais invertebrados com o corpo formado por vários segmentos que lembram uma série de anéis fundidos uns aos outros. Fazem parte dos ecossistemas costeiros e vivem em substratos arenosos e lodosos ou entre algas, até cerca de 50 metros de profundidade.
O crescente recurso de técnicas moleculares para a identificação de organismos tem revelado uma maior diversidade de espécies do que o pensado anteriormente.
Publicado na revista Zoological Journal of the Linnean Society, um estudo de pesquisadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), da Universidade do Minho e da Universidade de Gotemburgo (Suécia) com 148 exemplares da espécie Eumida sanguinea, coletados ao longo da costa europeia (desde a Noruega à Itália), revelou tratar-se, afinal, de um complexo de nove espécies diferentes.
Essas espécies de anelídeo distinguem-se apenas por variações sutis de coloração corporal e de proporção dos seus apêndices, as quais passam despercebidas até aos olhos mais atentos e experientes.
Com o uso cada vez maior dos testes de DNA poderá haver surpresas com outras espécies. “Na verdade, este foi só o primeiro ‘complexo de espécies’ entre quatro que estamos analisando”, aponta, em comunicado, a pesquisadora Ascensão Ravara, do CESAM.
Anteriormente, explica Ascensão Ravara, “a descrição das espécies baseava-se unicamente nas características externas dos organismos [morfologia]”. Hoje em dia, “as técnicas moleculares – com obtenção de sequências de DNA – nos permitem caracterizar e comparar os organismos também ao nível genético. São duas ferramentas [morfologia e genética] que se complementam e nos ajudam a conhecer melhor o mundo que nos rodeia.”
Os organismos estudados neste trabalho estão armazenados na CoBI – Coleção Biológica de Investigação da UA, uma coleção que está disponível para estudo pela comunidade científica.