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Ex-fotógrafo italiano tem um abrigo com 400 animais e não quer fugir da Ucrânia: ‘Decidi que também posso morrer aqui’

O italiano se mudou para a Ucrânia em 2009.
Foto: Reprodução/Facebook

Para Andrea Cisternino, a decisão é definitiva: a Ucrânia está em guerra, mas o regresso a Itália (país onde nasceu) está fora de questão. A razão? “Há anos que cuido de 400 animais que salvei de maus-tratos”, assumiu ao periódico ‘La Stampa’, admitindo que “construir este refúgio exigiu muito esforço”. “Não vou embora, não abandono os meus animais”, reiterou. Descobriu o cheiro de pólvora e, por isso, não negou as atuais circunstâncias: “Vivemos com angústia, mas tentamos ser positivos”.

O italiano, um ex-fotógrafo de moda, se mudou para a Ucrânia com a mulher Vlada Shalutko em 2009. Mais tarde, em 2012, fundou um abrigo de animais (inicialmente só para cães) a 45 minutos de Kiev. Hoje, ali coabitam além de cães, também gatos, cavalos, vacas, porcos, cabras, ovelhas, gansos e galinhas.

A mulher não está com Andrea no abrigo, de acordo com a agência de notícias ‘Euro News’, mas permanece em Kiev. “Falei com ela ao celular há poucos minutos. Ela disse que saiu para fazer compras e dar um passeio”, menciona. Acrescentou que “os supermercados já estavam vazios”, porém “ela está calma”.

É “uma loucura, em 2022, uma coisa dessas acontecer”, reiterou ao jornal italiano. Só passou uma semana (de início dos conflitos), porém “parecem seis meses”, corroborou em entrevista à agência de notícias, com voz cansada.

Apesar de acreditar que a guerra não assolaria o país, ele já estava guardando alguns mantimentos por precaução. A medida é fruto de uma situação traumatizante vivida em 2014, quando o governo italiano deu licença aos caçadores para matar cães de rua. Na ocasião, seu abrigo de animais foi incendiado.

Foi a partir deste refúgio, o “Italia Kj2”, que ele atualizou a sua situação até o dia 25 de fevereiro no Facebook. No dia em que a guerra começou, em 24 de fevereiro, postou na rede social: “Decidi que também posso morrer aqui pelos meus animai … são 400 convidados que merecem ser protegidos a qualquer custo”.

Nessa noite, a primeira vivida sob invasão russa, ele deu conta que o toque de recolher começava às 22h e terminava às 19h, e que as casas das proximidades estavam com pouca luz. “Temos esperança em uma noite tranquila”, lia-se na legenda que acompanha a foto, onde Andrea surge de sorriso rasgado ao lado de um porco.

No desabafo do dia seguinte, contou que “o céu estava vermelho”, que não conseguia dormir devido ao som dos tiros, e que viu um projétil caindo perto do abrigo. Deixou igualmente uma mensagem de revolta: “Que Deus nos ajude e amaldiçoe aqueles que quiseram começar tudo isso.”

No mesmo dia, Andrea partilhou um vídeo no qual se vê um avião militar sobrevoando a região. Na internet, os seguidores têm demonstrado preocupação, perguntando como é que Andrea se sente e pedindo que dê notícias. Um deles escreveu: “Toda a nossa solidariedade, a tua dor é a nossa e esperamos que todo este absurdo cesse por respeito às vidas humanas”. Outro optou por dar palavras de força: “Aguenta firme. Cada dia que passa será um dia a menos no final.”

Clique AQUI e acompanhe o perfil no Facebook de Andrea Cisternino.

Fonte: Observador.pt