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Apenas seis meses se passaram desde a morte e mutilação de seis leões no setor de Ishasha do Parque Nacional Rainha Elizabeth (QENP) de Uganda, na África.
Se você tivesse a oportunidade de visitar o parque, veria esses chamados leões escaladores de árvores bem preguiçosos em meio a galhos de figueiras altas. Este grupo de felinos selvagens é uma das duas únicas populações de leões conhecidas por subir em árvores, tornando essas feras majestosas objetos de estudo e uma atração turística popular.
Infelizmente, no entanto, esses leões enfrentam inúmeras ameaças, incluindo perda de habitat, captura, conflito homem-vida selvagem, comércio ilegal de animais selvagens e tráfico de partes do corpo de leões.
Por causa dessas ameaças, a população de leões escaladores de árvores de Ishasha inclui apenas 69 indivíduos. Com o aumento das ameaças à espécie, as receitas do turismo – que representam cerca de 8% do produto interno bruto do Uganda (pelo menos antes da pandemia COVID-19) – também estão ameaçadas.
A Lista Vermelha global de espécies ameaçadas mantida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) rotulou esta população de leões escaladores como “vulnerável” à extinção. A lista nacional de Uganda os coloca na categoria “criticamente em perigo”.
Recentemente, os leões escaladores de árvores de lshasha surpreenderam a todos com vários filhotes, que agora exigem esforço coletivo de proteção para que possam crescer e se tornarem adultos. Felizmente para os filhotes, seis outros felinos – incluindo Sultan e Sula (os pais dos leõezinhos), Jacob (um sobrevivente de uma armadilha de caça) e três irmãos jovens – estão prontos para protegê-los e tratá-los, de acordo com Bazil Alidria, da Wildlife Conservation Society (WCS), entidade que monitora os leões regularmente.
O conhecimento sobre a dinâmica da população de leões e ameaças em Uganda, infelizmente permanece limitado. Em 2005 e 2008, a Wildlife Conservation Society (WCS) conduziu esforços de monitoramento para leões no parque Queen Elizabeth e no Parque Nacional de Murchison Falls (MFNP) de Uganda, respectivamente, usando coleiras com GPS.
O trabalho foi desenvolvido com base em pesquisas conduzidas anteriormente pela médica veterinária Margaret Driciru (2001), da Autoridade da Vida Selvagem de Uganda (UWA), e por Ludwig Siefert, do Programa Carnívoro de Uganda. Enquanto monitorava os leões, a WCS também removeu as armadilhas dos parques que ameaçam esta espécie icônica. E trabalhou para reduzir o conflito entre humanos e leões, construindo currais para evitar que os leões atacassem o gado, gerando matanças retaliatórias por fazendeiros furiosos.
Em 2010, uma pesquisa em três parques nacionais envolvidos na conservação de leões – Queen Elizabeth NP, Murchison Falls NP e Kidepo Valley NP -, conduzida pela WCS, relatou que a população estimada desses felinos era de 408 indivíduos.
Embora tenham se passado 10 anos desde o último censo, avistamentos de leões durante o trabalho de monitoramento da WCS, do Uganda Carnivore Program (UCP) e da UWA no parque Queen Elizabeth, sugerem que a tendência da população desses felinos é relativamente estável.
Os leões também enfrentam um desafio multifacetado de sobrevivência impulsionado pelas mudanças climáticas. A perda de habitat adequado para presas e predadores atribuída às mudanças climáticas e à variabilidade que favorece o crescimento e a disseminação de espécies invasoras na maioria dos parques nacionais de Uganda, fez com que leões e elefantes se mudassem dos parques para as comunidades. Esse êxodo resultou em predação de gado e danos às plantações, aumentando assim o conflito homem-vida selvagem em torno dessas áreas protegidas.
A WCS convocou empresas do setor privado, governos locais, organizações conservacionistas, indivíduos e parceiros de desenvolvimento a se unirem para enfrentar essas ameaças antes que esse patrimônio natural de Uganda seja perdido.
Fonte: Live Science