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Mais de mil espécies de répteis estão em vias de extinção, revela estudo

Em vias de extinção, a tartaruga-nariz-de-porco é como um fóssil vivo. Fotos: Canvas

Cientistas analisaram 10.196 espécies de répteis e concluíram que cerca de 21% estão em risco de extinção — precisamente 1.829 –, segundo um estudo publicado nesta semana na revista Nature. O levantamento inédito levou 15 anos para ser concluído.

O artigo científico compara como estão hoje 10.296 espécies de répteis incluídas na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). “Os répteis do estudo incluem tartarugas, crocodilos, lagartos, cobras e o tuatara, o único membro vivo de uma linhagem que evoluiu no período Triássico, aproximadamente há 200 a 250 milhões de anos”, descreve um comunicado da NatureServe, entidade que coordenou a pesquisa em conjunto com a UICN e a Conservation International.

A equipe de 52 cientistas analisou os dados do Global Reptile Assessment (Avaliação Global dos Répteis, em português), que reúne contribuições técnicas de mais de 900 pesquisadores, e concluiu que, pelo menos 21% das espécies de répteis a nível mundial, estão atualmente ameaçadas de desaparecer – mais de uma em cada cinco.

“É a primeira vez que se faz esta análise no mundo. A das aves foi realizada nos anos 90, a dos anfíbios em 2003 e a dos mamíferos em 2008. Todavia existia uma grande dúvida sobre o que estava acontecendo com os répteis”, explicou o zoólogo e um dos líderes do estudo, Bruce Young, ao jornal El País.

A situação de ameaça global que estes animais enfrentam, acredita Young, deve-se aos “répteis serem menos carismáticos do que os mamíferos e as aves”, acrescentando que “não há muito amor por cobras”.

Enquanto o risco de extinção das aves é de 13,6%, o dos mamíferos de 25,4% e o dos anfíbios ascende aos 40,7%. A porcentagem das tartarugas e dos crocodilos é bastante superior: 57,9% e 50%, respetivamente.

Atividade humana

De acordo com os pesquisadores, para encontrar o principal predador, basta olhar para um mamífero: o ser humano. Muitas das causas são fruto da atividade humana, desde o desmatamento até à agricultura e pecuária intensivas, passando pela introdução de espécies invasoras. “E no caso das tartarugas e dos crocodilos, a principal ameaça é a caça”, frisa Young.

O tuatara é o único membro vivo da ordem Rhynchocephalia (Sphenodontia)

As alterações climáticas fazem igualmente parte da lista. Por exemplo, as tartarugas são uma das espécies em que a determinação do sexo depende da temperatura: quando os ninhos estão em areias mais quentes há um aumento de crias femininas.

Sobre a distribuição geográfica, 30% dos répteis que vivem em habitats florestais estão em risco de extinção contra os 14% que vivem em habitats áridos.

Apesar de os animais pertencerem a um ecossistema complexo — ou seja, quando são desenvolvidas estratégias para proteger, por exemplo, mamíferos, automaticamente os répteis acabam por tirar proveito das mesmas —, os autores alertam que são necessárias medidas específicas, principalmente aumentar o número de áreas protegidas.

“Os répteis não costumam ser uma inspiração para ações de conservação, mas são criaturas fascinantes e cumprem funções indispensáveis ​​nos ecossistemas do mundo inteiro. Todos nós nos beneficiamos do seu papel no controle de pragas e quando servem de alimento para pássaros e para outros animais”, justifica Sean T. O’Brien, presidente da NatureServe.

Fósseis vivos

Se os esforços de conservação falharem e as 1.829 espécies de répteis que estão hoje em risco de extinção desaparecerem da Terra, iríamos perder um total de 15,6 mil milhões de anos de história evolucionária, incluindo “inúmeras adaptações à vida em ambientes diversos”, explica o comunicado da equipe.

Mike Hoffman, da Sociedade Zoológica de Londres, destaca que “desde tartarugas que respiram através dos seus genitais, até camaleões do tamanho de uma ervilha, os répteis são um bando eclético”. “Muitos répteis, como o tuatara ou a tartaruga-nariz-de-porco, são como fósseis vivos, cuja perda significaria o fim não só destas espécies que têm papéis únicos nos seus ecossistemas, mas também muitos milhares de milhões de anos de história evolutiva.”

Com informações da Wilder e Observador