Em janeiro, o rio São Francisco registrou nível máximo em alguns municípios de Minas Gerais: somente no dia 21, os índices chegaram a marcar mais de 10 metros além de sua capacidade no município que leva o mesmo nome do rio – isso devido às fortes chuvas que atingiram a região no início do ano. Por lá, a água chegou a cobrir ilhas e várzeas, locais que são habitados por ribeirinhos – importantes refúgios, também, de animais silvestres. E o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) esteve no local a fim de avaliar e trabalhar no resgate e acolhimento dessas espécies que estavam em risco: a Defesa Civil, Bombeiros e Polícias Militares (BMMG e PMMG Ambiental), a ONG Waita e voluntários estiveram junto ao Instituto com o objetivo de alinhar ações a serem tomadas e para definição da instalação do centro de comando.
Após análise, verificou-se que a bacia do rio São Francisco foi severamente atingida. As águas do chamado “trecho alto”, em São Francisco e, também, as sub-bacias dos rios Paraopeba e Pará, fizeram com que a água afluente no reservatório ultrapassasse os 9.000 m³/s – volume que ainda não havia sido registrado em sua série histórica de dados.
Ações emergenciais de monitoramento e resgate de fauna foram realizadas nas regiões em que o nível do rio ainda estavam subindo. Nesses locais, os animais encontravam-se em situação suscetível pois, em circunstâncias como essas, muitos deles buscam pontos mais altos para fugir da água. Porém, por vezes eles acabam se perdendo ou então não conseguem completar esse deslocamento. Por isso é imprescindível levantar informações dos pontos afetados para que haja tempo hábil de planejar e enviar equipe para o resgate.
Partindo desse princípio, a equipe do Instituto trabalhou com a seguinte metodologia: sobrevoos na região para visualização de animais e identificação de áreas críticas; deslocamento fluvial e terrestre até a região avistada pelo sobrevoo e monitoramento da fauna. Durante a iniciativa, houve o resgate de um veado (Mazama gouazoubira) que tentava atravessar o rio. O animal recebeu atendimento no local e, por se encontrar em boas condições, foi solto em segurança.
Em compensação, um veado fêmea da mesma espécie, que estava se afogando, foi salvo e recebeu atendimento veterinário, sendo transferido para a base de operações – passando por avaliação veterinária e, por meio do helicóptero do Ibama, foi transferido para o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestre (Cetas) do Ibama em Montes Claros/MG.
O Instituto também auxiliou no resgate e atendimento de animais da população ribeirinha: cachorros, porcos, galinhas, bezerros – todos salvos de afogamento. Ao longo da operação, gado e cavalos também foram encontrados.
Um filhote da ave Xexéu (Cacicus cela) foi resgatado. O animal foi alimentado depois devolvido à natureza. Um tatu galinha (Dasypus novemcinstus) e um lagarto verde (Ameiva ameiva) que estavam se afogando foram salvos por servidores do Instituto. A soltura desses animais aconteceu no mesmo dia do resgate porque eles se encontravam em bom estado clínico. Também foram apreendidas 14 redes de pesca e 32 kg de peixes – todos doados ao programa Mesa Brasil, do Governo Federal.
Tais ações de monitoramento e resgate da fauna atingida pela cheia do rio São Francisco foram fundamentais na mitigação dos impactos à biodiversidade local. Até a chegada do Ibama na região, nenhuma instituição pública ou privada estava fazendo resgate de fauna silvestre ou doméstica. O Instituto verificou, também, que cidades localizadas na Bahia sentiram o impacto da cheia e que, portanto, precisam de monitoramento enquanto a região estiver passando pelo período de chuvas.
Fonte: Ibama