A onça-pintada que foi solta no Pantanal, em Poconé, a 104 km de Cuiabá, após sofrer queimaduras de terceiro grau foi fotografada descansando em Porto Jofre, um ano depois do maior incêndio registrado no bioma. Ela vive na região em que havia sido resgatada.
As imagens foram feitas pelo fotógrafo Marcelo Tchebes, que estava em viagem ao Pantanal, e compartilhada nas redes sociais (@tchebes).
Ousado, como foi batizado a onça-pintada macho durante o tratamento, foi resgatado em setembro de 2020, com queimaduras de terceiro grau e outros problemas de saúde porque havia inalado muita fumaça. Também apresentava grave desidratação com alterações renais.
O animal foi encontrado por equipes do Corpo de Bombeiros Militar e por veterinários voluntários que atuavam no resgate de animais na região, que teve grande parte da vegetação queimada. Ele recebeu os primeiros atendimentos no local. Ele teve as quatro patas queimadas. Para a recuperação completa, foram necessários 36 dias intensos de tratamento, longe da natureza
No Instituto de Preservação e Defesa dos Felídeos da Fauna Silvestre do Brasil em Processo de Extinção (Nex), o animal passou por tratamento com terapia de ozônio e laser e com células-tronco.
Em outubro do ano passado, Ousado foi solto de volta no Pantanal. Um ano depois, ele aparece nos registros fotográficos recuperado e descansando.
Ao portal G1, o fotógrafo Tchebes contou que ver onças-pintadas era um sonho antigo e que ficou fascinado ao estar frente a frente com a fauna silvestre pantaneira: “Foi uma dicotomia de estar muito feliz com os encontros com a fauna mais impressionante do Brasil e o aperto de ver a situação da estiagem e das queimadas.”
Sobre Ousado, Marcelo admite: “Está fortão, está lindo!”
Tchebes também registrou fotos de jacarés amontoados no Pantanal mato-grossense em busca de água, após os incêndios e a seca que atingiram o bioma nos últimos meses. Ele denominou a coleção de fotos como ‘Garras do Pantanal’.
Incêndios no Pantanal
A área atingida pelo fogo este ano no Pantanal foi maior que a média histórica da região. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa), órgão vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 261,8 mil hectares já foram perdidos para o fogo; no mesmo período do ano passado, a área queimada foi de 1.356.925 hectares.
Em 2020, o Pantanal foi atingido pela maior tragédia da história. Incêndios destruíram cerca de 4 milhões de hectares. 26% do bioma – uma área maior que a Bélgica – foi consumida pelo fogo. Cerca de 4,6 bilhões de animais foram afetados e ao menos 10 milhões morreram.
Fonte: Kethlyn Moraes/G1