Para algumas aves, a migração é a época mais difícil do ano. Têm de atravessar muitos quilômetros e enfrentar inúmeras desafios até chegar aos locais onde podem descansar e reabastecer.
Durante muito tempo pensou-se que as aves faziam estas desafiantes viagens sozinhas. Mas uma nova pesquisa sugere que a migração não é um feito solitário, antes é um evento social que encoraja espécies diferentes a viajarem juntas.
Em um estudo publicado este mês na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), pesquisadores descobriram que há aves que formam “comunidades migradoras” enquanto viajam. Não se trata apenas de viajarem perto umas das outras numa proximidade que é coincidência; os cientistas defendem que é um sinal de que diferentes espécies de aves podem formar relações sociais e até podem ajudar-se umas às outras ao longo das suas migrações.
No artigo científico, os pesquisadores defendem ter encontrado provas de relações sociais consistentes entre várias espécies de aves durante as migrações.
Para chegar a esta conclusão, a equipe da pesquisadora Joely DeSimone, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, analisou mais de 500.000 registos de 50 espécies diferentes de aves recolhidos em cinco estações de anilhagem de aves na zona leste do país. Nesses locais, anilhadores profissionais capturam aves em redes de neblina para recolher o máximo de informação possível, como idade, sexo e peso, por exemplo. Antes de libertarem as aves foram colocadas anilhas nos animais.
Primeiro, os pesquisadores identificaram quando duas espécies de migradores acabavam juntas na mesma rede, no mesmo momento. Depois, tiveram de perceber se isso era coincidência, através de testes estatísticos sobre rotas de migração, hábitos alimentares e preferências de habitat.
Concluíram que há ligações claras entre algumas espécies e que as mesmas combinações de espécies apareciam nas várias estações de anilhagem. Essa consistência em diferentes locais sugere que estas interações têm um papel significativo na ecologia da migração das aves.
Por exemplo, segundo os pesquisadores, aves com semelhantes hábitos de alimentação e relações genéticas podem apoiar-se umas nas outras e seguir os seus companheiros de viagem para encontrar bons habitats e assim aumentar as hipóteses de uma migração bem sucedida.
Mas ainda há muito por descobrir sobre como as aves migradoras sociabilizam. DeSimone já está preparando um outro estudo para analisar de que forma as relações entre espécies estão mudando à medida que as alterações climáticas alteram os timings das migrações. Além disso, DeSimone vai focar nas interações entre espécies residentes e espécies migradoras.
Leia o estudo na íntegra AQUI
Fonte: Wilder