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Paleontologistas descobrem um novo grupo de insetos depois de resolver um mistério de 150 anos

Asa de uma das novas espécies, encontrada no sítio fóssil da Colúmbia Britânica. O inseto parecido com uma donzela da nova subordem Cephalozygoptera.
Foto: Simon Fraser University

Por mais de 150 anos, os cientistas classificaram incorretamente um grupo de fósseis de insetos como libelinhas (ou donzelas), os primos familiares das libélulas que voam pelos pântanos comendo mosquitos. Embora sejam notavelmente semelhantes, esses fósseis têm cabeças de formato estranho, que os pesquisadores sempre atribuíram à distorção resultante do processo de fossilização.

Agora, no entanto, uma equipe de pesquisadores liderada pelo paleontólogo Bruce Archibald da Simon Fraser University (SFU) descobriu que elas não são donzelas (insetos de corpos mais longos e delgados), mas representam um novo grupo importante de insetos intimamente relacionado a elas.

As descobertas, publicadas nesta semana na revista científica “Zootaxa”, mostram que a forma distinta dos olhos arredondados e não protuberantes do inseto, colocados perto da cabeça, são as características definidoras de uma subordem relacionada a donzelas e libélulas que os pesquisadores chamaram de Cephalozygoptera.

“Quando começamos a encontrar esses fósseis na Colúmbia Britânica e no estado de Washington, também pensamos a princípio que deviam ser libelinhas”, diz Archibald.

Mas, em uma inspeção mais detalhada, a equipe percebeu que eles se assemelhavam a um fóssil sobre o qual o paleontólogo alemão Hermann Hagen escreveu em 1858. Hagen abriu o precedente de vincular o fóssil à subordem da donzela, apesar de seu formato de cabeça diferente, que não combinava com as donzelas.

As donzelas têm cabeças curtas e largas com olhos distintamente salientes para cada lado. O fóssil de Hagen, entretanto, tinha cabeça e olhos estranhamente arredondados. Mas ele presumiu que essa diferença era falsa, causada pela distorção durante a fossilização.

“Os paleontólogos, desde Hagen, escreveram que se tratava de donzelas com cabeças distorcidas”, diz Archibald. “Alguns hesitaram, mas ainda assim os atribuíram à subordem da donzela.”

A equipe liderada pela SFU, incluindo Robert Cannings do Royal British Columbia Museum, Robert Erickson e Seth Bybee da Brigham Young University e Rolf Mathewes da SFU, examinou 162 anos de artigos científicos e descobriu que muitos espécimes semelhantes foram encontrados desde a época de Hagen.

Eles experimentaram um momento eureca quando perceberam que as estranhas cabeças de seus novos fósseis eram, de fato, sua verdadeira forma.

Os pesquisadores usaram o formato da cabeça que define o fóssil para nomear a nova subordem Cephalozygoptera, que significa “cabeça de libelinha”.

A espécie mais antiga conhecida de Cephalozygoptera viveu entre os dinossauros no período Cretáceo na China, e sua existência foi conhecida pela última vez há cerca de 10 milhões de anos na França e na Espanha.

“Eles eram elementos importantes nas cadeias alimentares de pântanos na antiga Colúmbia Britânica e em Washington há cerca de 50 milhões de anos, após a extinção dos dinossauros”, conta Archibald. “Por que eles declinaram e foram extintos permanece um mistério.”

A equipe nomeou 16 novas espécies de Cephalozygoptera. Alguns dos fósseis foram encontrados na terra tradicional da tribo indígena Colville do norte de Washington, e então Archibald e seus co-autores colaboraram com os anciãos tribais para nomear uma nova família deles. Eles chamaram a família de “Whetwhetaksidae”, da palavra “ whetwhetaks ”, que significa insetos parecidos com libélulas na língua do povo Colville.

Archibald passou 30 anos vasculhando os depósitos ricos em fósseis do sul da Colúmbia Britânica e do interior do norte de Washington. Até o momento, em colaboração com outros, ele descobriu e nomeou mais de 80 novas espécies da área.

Fonte: Simon Fraser University