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Populações de espécies selvagens diminuíram 73% entre 1970 e 2020, aponta relatório

Populações de tartarugas ameaçadas na Grande Barreira de Coral da Austrália. Foto: Canva.com

Apesar dos alertas dos últimos tempos, a crise da biodiversidade não dá mostras de ser amenizada. O relatório Índice Planeta Vivo revelado nesta semana aponta que o tamanho das populações de vida selvagem monitorizadas diminuiu em média 73% nos últimos 50 anos. Destaca ainda que temos cinco anos para mudar a atual trajetória.

O Índice Planeta Vivo (Living Planet Index), um relatório bianual, é feito para a WWF pela Sociedade Zoológica de Londres e foi publicado pela primeira vez em 1998.

Esta edição utilizou os dados sobre quase 35.000 populações de mamíferos, aves, peixes, répteis e anfíbios, representando 5.495 espécies, para monitorar o declínio da vida selvagem.

Entre 1970 e 2020, período para o qual existe dados mais recentes, a dimensão das populações de vertebrados caiu em média 73%. Esta percentagem tem vindo a aumentar. Em 2014 era de 52% e em 2018 era de 60%, por exemplo.

O declínio mais acentuado acontece nos ecossistemas de água doce (-85%), seguido pelos terrestres (-69%) e, depois, marinhos (-56%).

Os maiores declínios nas populações monitoradas foram registados na América Latina e Caraíbas (-95%), África (-76%) e Ásia-Pacífico (-60%).

No momento, a maior ameaça à biodiversidade por todo o mundo é a perda e degradação de habitat, impulsionadas principalmente pelo atual sistema alimentar. Mas há mais ameaças, como a sobre-exploração, as espécies invasoras e as doenças. As alterações climáticas são uma ameaça adicional para as populações de vida selvagem na América Latina e Caraíbas, que registaram uma queda média de 95%.

Espécies monitoradas

Entre as populações de espécies monitorizadas estão as tartarugas-de-pente da ilha de Milman, na Grande Barreira de Coral, na Austrália. O número de fêmeas a nidificar naquela ilha entre 1990 e 2018 registou uma queda de 57%. O relatório refere ainda a redução de 65% nos golfinhos cor-de-rosa da Amazônia e de 75% no tucuxi, entre 1994 e 2016, na reserva de Mamirauá, no Amazonas. No ano passado, mais de 330 golfinhos de rio morreram em apenas dois lagos durante um período de calor extremo e seca.

O índice revela também que algumas populações estabilizaram ou aumentaram devido a esforços de conservação, como o aumento da subpopulação de gorilas-da-montanha em cerca de 3% por ano entre 2010 e 2016 nas montanhas Virunga, na África Oriental, e o regresso das populações de bisonte-europeu na Europa Central. “No entanto, sucessos isolados não são suficientes”, entende a WWF.

“A natureza está nos lançando um alerta”, comentou, em comunicado, Ângela Morgado, diretora executiva da ANPlWWF. “As crises da biodiversidade e alterações climáticas estão empurrando a vida selvagem e os ecossistemas para além dos seus limites, com pontos de não retorno perigosos ameaçando comprometer os sistemas vitais da Terra e a desestabilizar as sociedades. As consequências devastadoras de perdermos ecossistemas essenciais, como a Floresta Amazônica e os recifes de coral, serão sentidas tanto pelas pessoas como pela natureza em todo o planeta.”

O relatório alerta que, à medida que a Terra se aproxima de pontos de inflexão perigosos que representam graves ameaças para a humanidade, será necessário um enorme esforço coletivo nos próximos cinco anos para enfrentar as crises do clima e da natureza.

As medidas internacionais sobre biodiversidade e clima que se realizarão brevemente – COP16 (a Conferência das Partes da Convenção da ONU para a Diversidade Biológica, marcada para Cali, Colômbia, de 21 de Outubro a 1 de Novembro) e COP29 (Conferência da ONU para as Alterações Climáticas, que será realizada em Baku, Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro) – “são uma oportunidade para os países se elevarem à dimensão do desafio”, segundo a organização.

A WWF apela aos países que produzam e implementem planos nacionais mais ambiciosos para a natureza e o clima, que incluam medidas para reduzir o consumo excessivo global, travar e reverter a perda de biodiversidade doméstica e importada, e reduzir as emissões − tudo de forma equitativa.

Fonte: Wilder