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Ursos-pardos fazem marcas nas árvores para se comunicarem entre eles

Através das marcas nas árvores, os ursos-pardos transmitem informações sobre sua localização a outros da espécie. Foto: Pixabay

Os ursos-pardos utilizam marcas no tronco das árvores como sinais visuais para transmitir informação sobre a sua localização, tamanho e estado reprodutivo, revelam pesquisadores do CSIC (Conselho Superior de Investigações Científicas).

O resultado do estudo internacional, coordenado CSIC espanhol, foi publicado no último dia 4 de maio na revista “Scientific Reports”.

“A compreensão das formas de comunicação animal está ainda condicionada por ideias enraizadas na literatura científica. A maioria das investigações sobre mamíferos centrou-se quase exclusivamente na sinalização química (excrementos, urina e secreções de glândulas corporais) e acústica, mas a visual pode ter sido ignorada”, explicou, em comunicado, Vincenzo Penteriani, investigador do CSIC na Unidade Mista de Investigação em Biodiversidade, no Instituto de Ciência e Tecnologia do Carbono (INCAR-CSIC).

Este estudo centrou-se na análise do comportamento dos ursos que consiste em descascar os troncos das árvores.
Entre meados de maio e setembro de 2020, durante o período reprodutivo do urso-pardo (Ursus arctos) na Cordilheira Cantábrica, na Espanha, os investigadores manipularam as marcas que esses animais deixavam nas árvores tapando-as com tiras de cascas de árvores.

“Observamos que durante a temporada reprodutora os animais retiravam as tiras de cascas. Isso sugere que o descasque é um canal de comunicação visual utilizado para a comunicação intraespecífica”, comentou Penteriani, autor principal do artigo.

As câmaras instaladas pelos pesquisadores na região gravaram como os ursos descobriram a manipulação e também que o período de tempo mais curto entre a manipulação e a visita de um urso, pela primeira vez, foi de sete dias. “As manipulações sempre desencadearam uma resposta rápida quando os machos adultos, provavelmente os mesmos que marcaram os troncos, regressaram e revisitaram as árvores marcadas”, acrescentou o pesquisador.

Até agora, as marcas que os ursos faziam nas árvores desconcertavam os investigadores. “Havia muitas teorias, a maioria relacionada com a deposição glandular de odor.”

“Espécies solitárias como os ursos, com interações diretas pouco frequentes entre si, podem se beneficiar desses tipos de marcas visuais para informar aos outros a sua localização, tamanho e estado reprodutivo. São mais duradouras porque a probabilidade de que fatores ambientais – como a chuva – afetem a sua detectabilidade é menor e funcionam de forma remota, mesmo quando o indivíduo que deixa o sinal se encontra longe”, acrescentou o especialista.

No estudo participaram também outros pesquisadores do Grupo de Investigação do Urso Cantábrico da Unidade Mista de Investigação em Biodiversidade, bem como técnicos da Guarda do Principado das Astúrias (Patrulha Urso) e do Fundo para a Proteção dos Animais Selvagens (FAPAS).

O urso-pardo foi declarado espécie Em Perigo de extinção na Espanha em 1989. Hoje distribui-se por quatro comunidades – Principado das Astúrias, Cantábria, Castela e Leão e Galiza – em duas populações diferenciadas.

Em Portugal, esta é uma espécie extinta na natureza. Mas em maio de 2019 foi confirmada a presença de um urso-pardo, um indivíduo isolado, pela primeira vez desde 1843.

Fonte: Wilder.pt